A incidência de câncer de próstata e as taxas de mortalidade estão diminuindo ou estabilizando na maior parte do mundo, com os Estados Unidos registrando a maior queda na incidência. O Brasil, no entanto, apresentou uma das maiores taxas de incidência da doença nos últimos 5 anos entre os países avaliados. Os dados foram apresentados no AACR 2019, em Atlanta, Estados Unidos.
Apesar da tendência de declínio ou estabilização das taxas de incidência e mortalidade, o câncer de próstata continua sendo o segundo câncer mais comumente diagnosticado e a sexta maior causa de morte por câncer entre homens em todo o mundo, disse a principal autora do estudo, MaryBeth Freeman, pesquisadora sênior associada da American Cancer Society, em Atlanta.
"Estudos anteriores indicaram uma variação significativa nas taxas de incidência de câncer de próstata e mortalidade pela doença devido a diferenças nas práticas de detecção, disponibilidade de tratamento e fatores genéticos. Ao comparar as taxas de diferentes países, podemos avaliar as diferenças nas práticas de detecção e melhorias no tratamento", observou Freeman.
Pesquisadores examinaram a incidência de câncer de próstata e os padrões de mortalidade nos cinco continentes, usando os dados mais recentes de incidência de câncer da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) e dados de mortalidade da Organização Mundial de Saúde (OMS). Foram examinadas tendências de longo prazo, de 1980 a 2012, para 38 países que forneceram dados de “alta qualidade” (informação avaliada como precisa, oportuna e completa) e tendências de curto prazo para 44 países com dados de incidência disponíveis e 71 países com dados de mortalidade disponíveis. Os dados de curto prazo abrangem um período de cinco anos que variava ligeiramente entre os países, mas na maioria das vezes refletia o período 2008-2012.
Resultados
Dos 44 países examinados para dados de incidência, as maiores taxas de incidência nos últimos 5 anos são encontradas no Brasil, Lituânia e Austrália, enquanto as menores taxas de incidência são encontradas na Ásia (Índia, Tailândia e Bahrein). A Bulgária apresentou o maior aumento. As taxas diminuíram em sete países, com os Estados Unidos apresentando a maior queda. As taxas ficaram estabilizadas nos 33 países restantes.
Entre os 71 países analisados para as taxas de mortalidade, as taxas diminuíram em 14 países, aumentaram em três e permaneceram estáveis em 54 países. As maiores taxas de mortalidade são encontradas no Caribe (Barbados, Trinidad e Tobago e Cuba), África subsaariana (África do Sul), partes da antiga União Soviética (Lituânia, Estônia e Letônia), enquanto as taxas mais baixas são encontradas em Ásia (Tailândia e Turquemenistão).
Globalmente, a partir de 2012, o câncer de próstata foi o câncer mais comumente diagnosticado entre os homens em 96 países e a principal causa de morte em 51 deles.
“O estudo confirmou o impacto do rastreio do PSA. Nos Estados Unidos, as taxas de incidência de câncer de próstata aumentaram da década de 1980 para o início da década de 1990, depois diminuíram de meados dos anos 2000 até 2015, em grande parte devido ao aumento do uso de testes de PSA. Este tipo de rastreio é menos disponível em países de baixa renda, contribuindo para o diagnóstico em fases posteriores e taxas de mortalidade mais elevadas”, disse Freeman.
Ela apontou que algumas nações planejam reduzir as recomendações de rastreamento do PSA, pois acredita-se que ele leve ao diagnóstico e ao possível overtreatment de casos de câncer de próstata que nunca se tornariam sintomáticos. "No geral, os pacientes devem ter uma discussão informada com seus médicos sobre os benefícios e malefícios do teste de PSA para detecção de câncer de próstata", disse ela. "Estudos futuros devem monitorar as tendências nas taxas de mortalidade e doença em estágio final para avaliar o impacto da redução nos testes de PSA em vários países", acrescentou.
Uma das limitações do estudo é a variabilidade de dados entre diferentes países. Por exemplo, alguns países podem ter coletado apenas dados de certas áreas geográficas, enquanto outros podem ter coletado dados de toda a nação. “No entanto, a amplitude de dados neste estudo permitiu aos pesquisadores desenhar um retrato abrangente da incidência e mortalidade por câncer de próstata em todo o mundo”, acrescentou.
O estudo foi financiado pela American Cancer Society.
Referência: Global variation in prostate cancer incidence and mortality rates, 1980-2013 - MaryBeth Freeman