Onconews - Evidências e perspectivas na oncologia mamária

MAMA NET OKNovo anti-HER2 e dados de sobrevida do inibidor de ciclinas ribociclibe estão entre os destaques em câncer de mama do encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO 2019). A 55ª ASCO marcou, ainda, a apresentação do primeiro estudo randomizado sobre o valor da dieta na redução do risco de morte pela doença.

Pelo potencial de impactar a prática clínica, um novo anti-HER2 foi apontado entre os destaques do programa científico da ASCO 2019. O anticorpo margetuximab mostrou ganho de sobrevida livre de progressão (SLP) na comparação com trastuzumabe em pacientes com câncer de mama metastático HER2+, como indicam os resultados do estudo SOPHIA apresentado em sessão oral (Abstract 1000).

Neste estudo randomizado Fase III foram inscritos pacientes após tratamento com pertuzumabe e exposição prévia a até 3 linhas de tratamento anti-HER2+ no cenário metastático. Os resultados mostram maior SLP com margetuximab (mediana de 5,8 vs 4,9 meses, HR=0,76, IC 95%, 0,59-0,98, P = 0,033) e maior taxa de resposta objetiva (22% vs 16%), com benefício superior em pacientes com genótipos CD16A contendo um alelo 158F (SLP de 6,9 vs 5,1 meses; HR= 0,68, IC 95%, 0,52-0,90, P = 0,005).

Na doença HER2 negativa, a adição de ribociclibe à terapia endócrina aumentou a sobrevida global de pacientes na pré-menopausa com câncer de mama receptor hormonal positivo (HR+/HER2-), em comparação com a terapia endócrina isoladamente. Os dados são do MONALEESA-7, outro estudo que concentrou as atenções no encontro de Chicago. Após 42 meses de acompanhamento, a taxa de sobrevida foi de 70,2% no grupo tratado com terapia combinada versus 46,0% no grupo que recebeu apenas terapia endócrina (LBA 1008). Os resultados foram apresentados por Sara Hurvitz, diretora do Programa de Pesquisa Clínica em câncer de mama na UCLA Jonsson Comprehensive Cancer Center, em Los Angeles, e publicados 4 de junho na New England Journal of Medicine (DOI: 10.1056/NEJMoa1903765).

Na doença inicial HR+/HER2-, novos dados do TAILORx apresentados este ano mostraram que fatores clinicopatológicos combinados a um escore de risco molecular podem melhorar a seleção de pacientes com maior risco de recorrência, indicadas para a terapia adjuvante (Abstract 503).

Dieta e redução do risco de morte

A 55ª ASCO marcou, ainda, a apresentação do primeiro estudo randomizado sobre o valor da dieta na redução do risco de morte por câncer de mama. Análise do Women’s Health Initiative (WHI) avaliou a modificação alimentar em quase 49 mil mulheres na pós-menopausa sem antecedentes de câncer de mama e demonstrou que aquelas que seguiram uma dieta balanceada e com baixo teor de gordura tiveram 21% menos risco de morte por câncer de mama na comparação com o grupo controle, sob dieta livre (Abstract 520).

"Este estudo demonstra de modo inequívoco que uma simples intervenção nutricional pode reduzir o risco de morte por câncer de mama (e outras causas) de magnitude semelhante à quimioterapia adjuvante. Orientação dietética para todas as pacientes deve fazer parte da rotina do oncologista clínico", observa Antonio Carlos Buzaid, diretor médico do Centro de Oncologia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, e membro do comitê gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein.

Trastuzumabe biossimilar aprovado no Brasil mostra resultados de pós-comercialização

A ASCO 2019 foi palco para apresentação de novos dados de segurança pós-comercialização do primeiro biossimilar de trastuzumabe aprovado no Brasil (MYL-1401O). O estudo observacional prospectivo tem como primeira autora a oncologista Allisson Monteiro da Silva e foi baseado em dados do programa de suporte ao paciente patrocinado pelo fabricante para monitorar eventos adversos. “A farmacovigilância ativa é considerada uma das principais ferramentas para monitorar a segurança de produtos biológicos e biossimilares”, destacam os autores, em análise aceita para publicação eletrônica (e14000).

Os dados confirmam que trastuzumabe biossimilar (MYL-1401O) é consistente com o produto de referência (Herceptin®, Roche) em mulheres com câncer de mama HER2+ e nenhum novo sinal de segurança foi detectado. A maioria dos eventos relatados foi não grave (93,1%) e esperada (77,2%). O trastuzumabe biossimilar brasileiro é comercializado sob a marca Zedora®, da Libbs Farmacêutica, e foi aprovado pela Anvisa em 18/12/2017.

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