Onconews - Imunoterapia no câncer de esôfago avançado

Virgilio ASCOGI NET OKO estudo de fase III KEYNOTE-181 apresentado no ASCO GI 2019 mostrou que pembrolizumabe no tratamento de segunda linha do câncer de esôfago avançado com PD-L1 CPS ≥10 melhorou significativamente a sobrevida global, levando a uma redução de 31% no risco de morte em comparação com a quimioterapia (paclitaxel, docetaxel ou irinotecano), com um perfil de segurança mais favorável”, afirmou o oncologista Virgílio Souza e Silva (foto), do A.C.Camargo Cancer Center.

O estudo comparou a imunoterapia com pembrolizumabe vs quimioterapia de escolha do investigador como terapia de segunda linha para pacientes com carcinoma de células escamosas (CCE) avançado/metastático e adenocarcinoma do esôfago ou adenocarcinoma da junção gastroesofágica Siewert tipo I.

Os pacientes elegíveis foram randomizados 1:1 para pembrolizumabe 200 mg Q3W por até 2 anos ou quimioterapia escolhida pelo pesquisador - paclitaxel, docetaxel ou irinotecano. A randomização foi estratificada por histologia (CCE vs Adenocarcinoma) e região (Ásia vs resto do mundo). “Os pacientes estudados já haviam sido previamente tratados com terapia-padrão e tinham expressão positiva de PD-L1 no tumor (conforme escore específico – combined positive score ou CPS > 10)”, explicou Virgílio.

Resultados

Os pacientes (n=628) foram randomizados, incluindo 401 com CCE e 222 com CPS ≥10. A mediana de acompanhamento foi de 7,1 meses (pembrolizumabe) vs 6,9 meses (quimio). O pembrolizumabe foi superior à quimioterapia para sobrevida global em CPS ≥10 (N = 222; mediana 9,3 vs 6,7 meses; HR 0,69; 95% IC 0,52-0,93; P = 0,0074). A taxa de SG em 12 meses em pacientes com CPS ≥10 foi de 43% versus 20%.

Houve melhora clinicamente significativa na sobrevida global com pembrolizumabe vs quimioterapia em pacientes com CEC, mas não foi estatisticamente significativo por limites pré-especificados (N = 401; 8,2 meses vs 7,1 meses; HR 0,78; 95% IC 0,63-0,96; P = 0,0095). Na população ITT, embora direcionalmente favorável, a diferença na SG não foi estatisticamente significativa (N = 628; 7,1 meses vs 7,1 meses; HR 0,89; 95% IC 0,75-1,05; P = 0,0560). Menos pacientes tiveram eventos adversos relacionados ao tratamento de qualquer grau (64% vs 86%) ou graus 3-5 (18% vs 41%) com pembrolizumabe em comparação com a quimioterapia.

“Estes dados apoiam o pembrolizumabe como um novo padrão de segunda linha de tratamento para o câncer de esôfago com PD-L1 CPS ≥10 com melhor perfil de toxicidade comparado com a quimioterapia”, afirmaram os autores.

O estudo fase III KEYNOTE-590 de pembrolizumabe mais quimioterapia na primeira linha de tratamento do câncer de esôfago avançado está em andamento (NCT03189719).

Informação de ensaio clínico: NCT02564263

Referência: Pembrolizumab versus chemotherapy as second-line therapy for advanced esophageal cancer: Phase III KEYNOTE-181 study - Takashi Kojima et al