Onconews - Biópsia líquida no câncer de pulmão

biopsia liquida 2019 bxUm número crescente de pacientes com câncer de pulmão avançado poderá se beneficiar da chamada biópsia líquida para ajudar a decidir o tratamento mais adequado. É o que reforçam os dados do estudo BFAST apresentados no Congresso ESMO 2019 (LBA81_PR).

“Uma das maiores mudanças recentes no tratamento do CPNPC tem sido a nossa capacidade de identificar mutações genéticas que conduzem à progressão da doença, mas é um grande desafio obter amostras de tumor para a análise. Nós mostramos que a biópsia líquida pode ser usada para detectar mutação drivers em pacientes com CPCNP, como o rearranjo no gene ALK”, explicou o autor do estudo, Shirish Gadgeel, do Rogel Cancer Center, na Universidade de Michigan, EUA.

No estudo Fase II/III BFAST, 2.219 pacientes com CPNPC estágio IIIB / IV sem tratamento prévio tiveram uma amostra de sangue analisada por sequenciamento de próxima geração (NGS) na intenção de identificar alterações genéticas acionáveis. Foram obtidos resultados em 2.188 pacientes. No total, 119 pacientes (5,4%) tinham doença ALK+ e 87 deles foram incluídos para receber o agente alectinibe.

Após acompanhamento médio de 12,6 meses, a taxa de resposta objetiva confirmada (ORR) relatada pelos investigadores foi de 87,4% (IC 95% 78,5-93,5) e a duração de resposta (DoR) foi de 75,9% (IC 95% 63,6-88,2). A sobrevida livre de progressão mediana (SLP) não foi alcançada, mas a SLP em 12 meses relatada pelos pesquisadores foi de 78,4% (IC 95% 69,1-87,7).

Os resultados mostram que aproximadamente 1 em cada 20 pacientes apresentou DNA tumoral revelando rearranjo no gene ALK. Em pacientes tratados com alectinibe, terapia direcionada à mutação ALK+, cerca de três quartos não apresentaram sinais de progressão da doença nos 12 meses subsequentes.

“Para Alberto Bardelli, do Departamento de Oncologia da Universidade de Turim, Itália, o estudo reflete um avanço importante. “O rearranjo no gene ALK descrito no estudo BFAST é geralmente difícil de detectar, daí a importância de demonstrar que ele pode ser detectado no sangue e utilizado para orientar o tratamento com inibidores da ALK em pacientes com essa mutação”, esclareceu.

Em conclusão, esses dados validam a utilidade clínica do NGS sanguíneo como um método adicional para informar a tomada de decisão clínica e sublinham sua relevância especialmente no cenário da oncologia torácica, onde a avaliação baseada em tecidos é limitada por biópsias invasivas que nem sempre asseguram a adequação do material biopsiado. “O teste sanguíneo pode superar essas limitações, permitindo a criação de perfis multiplex”, conclui Bardelli (NCT03178552).

Referência: LBA81_PR - Phase II/III blood-first assay screening trial (BFAST) in treatment-naïve NSCLC: initial results from the ALK+ cohort