A adição de tucatinib ao anticorpo trastuzumabe e à quimioterapia melhora a sobrevida de pacientes com câncer de mama metastático HER2 positivo, com benefício clínico e estatístico. Os dados são do ensaio HER2CLIMB, um dos destaques do programa científico do San Antonio Breast Cancer Symposium 2019, publicado simultaneamente no New England Journal of Medicine.
Este estudo de fase II (HER2CLIMB) avaliou o inibidor de tirosina-quinase tucatinib em combinação com trastuzumabe e capecitabina versus trastuzumabe e capecitabina isoladamente em pacientes com câncer de mama metastático HER2 positivo previamente tratados. O braço de tucatinibe demonstrou melhora na sobrevida livre de progressão e sobrevida global.
Foram elegíveis pacientes com câncer de mama HER2+ localmente avançado ou metastático previamente tratados com trastuzumabe, pertuzumabe e T-DM1, incluindo pacientes com metástase cerebral. Os pacientes foram randomizados 2: 1 para receber tucatinib (300 mg, 2 vezes ao dia) ou placebo, em combinação com trastuzumabe (6 mg/kg uma vez a cada 21 dias com dose inicial de 8 mg/kg no dia 1 do ciclo 1) e capecitabina (1000 mg/m2 2 vezes ao dia, nos 1 a 14 de cada ciclo de 21 dias). A randomização foi estratificada de acordo com a presença de metástase cerebral, status de ECOG e região geográfica. Antidiarreicos profiláticos não foram necessários.
O endpoint primário foi sobrevida livre de progressão (SLP, definida como progressão ou morte da doença por RECIST 1.1, na avaliação de revisão central independente cega nos primeiros 480 pacientes. Os endpoints secundários avaliados em toda a população incluíram sobrevida global (SG) e SLP em pacientes com metástase cerebral, além de ORR confirmada em pacientes com doença mensurável.
Resultados
O ensaio HER2CLIMB inscreveu 612 pacientes entre fevereiro de 2016 e maio de 2019. O ponto de corte de dados foi 4 de setembro de 2019, após acompanhamento pela média de 14 meses. Houve redução de 46% no risco de progressão ou morte no braço de tucatinib (HR = 0,54 [IC 95%: 0,42, 0,71]; P <0,00001). A mediana de SLP foi de 7,8 meses versus 5,6 meses e a SLP em 1 ano foi de 33% vs 12%, com superioridade do braço experimental. O risco de morte foi reduzido em 34% no braço de tucatinib (HR = 0,66 [IC 95%: 0,50, 0,88], P = 0,0048). A mediana de SG foi de 21,9 meses vs 17,4 meses e a SG em 2 anos foi de 45% vs 27%.
Entre os pacientes com metástases cerebrais, houve redução de 52% no risco de progressão ou morte (HR = 0,48 [IC 95%: 0,34, 0,69], P <0,00001) no braço tratado com tucatinib. A SLP mediana foi de 7,6 meses vs 5,4 meses e a SLP em 1 ano foi de 25% vs 0% em favor do agente experimental. A ORR confirmada foi significativamente maior no braço de tucatinibe em relação ao braço controle (41% vs. 23%, respectivamente; P = 0,00008).
Em relação ao perfil de segurança, os eventos adversos mais frequentes no braço de tucatinib incluíram diarreia, síndrome da eritrodisestesia palmo-plantar, náusea, fadiga e vômito. Os eventos adversos de grau ≥3 com o agente experimental incluíram diarreia (12,9% vs. 8,6%), aumento de AST (4,5% vs. 0,5%), aumento de ALT (5,4% vs. 0,5%) e aumento da bilirrubina (0,7% vs. 2,5%) . Os eventos adversos que levaram à descontinuação de tucatinib ou placebo foram pouco frequentes nos dois braços (5,7% e 3,0%).
Em conclusão, o estudo HER2CLIMB demonstrou que a adição de tucatinib ao anticorpo trastuzumabe e à quimioterapia com capecitabina aumentou a sobrevida livre de progressão e a sobrevida global em pacientes com câncer de mama metastático HER2 + politratados, incluindo aqueles com metástases cerebrais, com benefício clínico e estatisticamente significativo. (NCT02614794)