Carvalhal: "cerca de 25% dos atendimentos na urologia são para tratar e acompanhar pacientes com HPB” |
Em apresentação que abriu o programa científico do SUMMIT URO-ONCO 2019, Gustavo Carvalhal (foto), uro-oncologista do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), lembrou que a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) é tema que tem concentrado as atenções nos congressos da American Urological Association (AUA).
Este ano não foi diferente e a AUA 2019 apresentou nada menos que 115 abstracts dedicados à HPB, destacando avanços e perspectivas no tratamento cirúrgico. “Cerca de 25% dos atendimentos na urologia são para tratar e acompanhar pacientes com HPB”, resumiu Carvalhal, dimensionando a importância do assunto.
O grande destaque foi a atualização das diretrizes publicadas em 2017 com recomendações para a abordagem cirúrgica de sintomas urinários associados à HPB, seguindo a tendência de abordagens minimamente invasivas. Na atualização de 2019, o guideline1 incorpora 9 novos estudos e sustenta que inovações como a chamada Aquablation, a vaporização transuretral da próstata, podem ser oferecidas aos pacientes, acumulando evidências de eficácia e segurança, assim como o Lift Urotelial Prostático (PUL), estratégia que também corroborou dados como alternativa ao cateter na retenção urinária aguda2.
63,3% dos pts tratados com PUL dispensaram uso de cateter |
O uso de PUL no controle da retenção urinária aguda foi avaliado por Mark Rochester e colegas da Norfolk & Norwich University Hospital, em estudo selecionado entre os destaques do programa científico da AUA 2019. “Os resultados desse estudo britânico mostram que a estratégia foi eficaz: 63,3% dos indivíduos com retenção urinária aguda tratados com PUL foram capazes de dispensar o uso de cateter e 70% estavam livres de cateter um mês após a utilização do PUL”, observou Carvalhal. Nesta análise o volume prostático no baseline era em média de 56,9 cc.
70% dos pts estavam livres de cateter um mês após a utilização do PUL |
Outro highlight da AUA 2019 apontado no SUMMIT URO-ONCO foi o estudo que avaliou 4 anos de ablação com vapor de água no tratamento de sintomas da HPB, segundo escores internacionais de sintomas prostáticos (IPSS) e indicadores de qualidade de vida (QV). Os resultados mostraram benefício significativo de qualidade de vida, com alívio dos sintomas dentro de 3 meses ou menos após a terapia com vapor de água (IPSS 50%, QV 46%, Qmax 69%, BPH Impact 46%). O benefício foi duradouro e se manteve consistente ao longo dos 4 anos de acompanhamento (IPSS 46%, QV 42%, Qmax 50%, BPH Impact 51%; p <0,0001). “Em geral, os homens tiveram alívio efetivo dos sintomas, com melhor qualidade de vida e benefícios duradouros, que permaneceram por mais de 4 anos de follow up”, concluiu Carvalhal (QUADRO I).
Referências:
1 - Surgical Management of Lower Urinary Tract Symptoms Attributed to Benign Prostatic Hyperplasia: AUA Guideline Amendment 2019 Kevin T. McVary, Philipp Dahm, Tobias S. Kohler, Lori B. Lerner, J. Kellogg Parsons, Timothy J. Wilt and Harris E. Foster
2 - PD24-09 - Early Outcomes of Prostatic Urethral Lift in Subjects with Acute Urinary Retention. Mark Rochester, MD FRCS (Urol), Norfolk & Norwich University Hospital