O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer no mundo. No entanto, pouco se sabe sobre o quadro clínico e histológico de ex-fumantes com câncer de pulmão. Guilherme Jorge Costa (foto), do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, em Recife, é primeiro autor de estudo que integra o 2020 ASCO Virtual Scientific Program, com o perfil de mais de 20 mil pacientes com câncer de pulmão diagnosticados entre 2010 e 2016 no Brasil.
A partir de dados dos registros brasileiros de câncer hospitalar, este estudo ecológico buscou caracterizar o perfil clínico e histológico dos pacientes com câncer de pulmão, além de identificar fatores independentes associados ao tabagismo. Dados com valor de p <0,20 na análise univariada foram incluídos na análise de regressão logística.
Resultados
Este estudo avaliou 23.462 pacientes com câncer de pulmão diagnosticados entre 2010 e 2016 no Brasil, com idade média de 63,7 + 10,7 anos. “Nunca fumantes, ex-fumantes e fumantes atuais corresponderam a 18,9%, 35,2% e 45,9% dos casos no momento do diagnóstico, respectivamente. Os fumantes atuais foram os mais frequentes, embora a frequência tenha diminuído significativamente durante o período”, descrevem os autores.
A frequência de diagnósticos de câncer pulmonar entre homens ex-fumantes aumentou desde 2015, superando a de fumantes atuais.
A análise multivariada identificou variáveis estatisticamente significativas associadas ao diagnóstico entre ex-fumantes, entre elas a maior escolaridade, faixa etária maior e sistema de saúde privado.
“Ex-fumantes se tornaram o status tabágico mais frequente em pacientes diagnosticados com câncer de pulmão, como resultado das políticas muito eficazes contra o tabagismo no Brasil desde os anos 90”, analisam os autores (veja gráfico). No entanto, o estudo brasileiro destaca que os resultados também revelam desafios e oportunidades no contexto clínico, o que inclui reconhecer que ex-fumantes também devem ser vistos como população-alvo para políticas de prevenção, diagnóstico e tratamento.
Para Guilherme Jorge Costa, primeiro autor do estudo, o trabalho também permite inferir que o combate ao tabagismo deve ser precocemente estimulado, “de preferência, ainda nas escolas e/ou universidades, onde jovens são mais suscetíveis a iniciar a prática do tabagismo”, conclui.
Referência: Former smokers as the most frequent smoking status in patients with lung cancer in Brazil. - J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr e13597) - DOI:10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.e13597
First Author: Guilherme Jorge Costa, Doctorate
Meeting: 2020 ASCO Virtual Scientific Program
Session Title: Publication Only: Cancer Prevention, Risk Reduction, and Genetics
Track: Cancer Prevention, Risk Reduction, and Genetics
Subtrack: Epidemiology
Abstract #: e13597