Estudo de Fase II demonstrou a eficácia da combinação de cediranibe e olaparibe na sobrevida livre de progressão em pacientes com câncer de ovário de alto grau sensível à platina em comparação com olaparibe isolado. No ASCO 2020, os resultados de estudo randomizado, aberto, de Fase III, demonstraram atividade semelhante da combinação com o padrão de cuidados (SOC), sem atingir o endpoint primário de melhora da sobrevida livre de progressão.
As pacientes elegíveis tinham câncer de ovário recorrente sensível à platina [> 6 meses sem platina (PFI)]] seroso ou endometrioide de alto grau ou relacionado a BRCA. Uma terapia prévia sem platina e ilimitadas terapias prévias baseadas em platina eram permitidas, e antiangiogênicos ou inibidores da PARP anteriores no cenário recorrente foram fatores de exclusão. As pacientes foram randomizadas 1: 1: 1 para SOC (carboplatina / paclitaxel; carboplatina / gemcitabina; ou carboplatina / doxorrubicina lipossômica), olaparibe (300 mg duas vezes ao dia) ou cediranibe + olaparibe (C 30 mg ao dia + O 200 mg duas vezes ao dia).
A randomização foi estratificada pelo status de gBRCA, PFI (6-12 vs> 12 meses) e terapia antiangiogênica prévia. O tamanho alvo da amostra foi de 549 pacientes. A análise primária ocorreu 2 anos após o último paciente inscrito. O endpoint primário foi a sobrevida livre de progressão.
Resultados
Entre 4 de fevereiro de 2016 e 13 de novembro de 2017, 565 pacientes foram inscritas (187 padrão de cuidados - SOC, 189 olaparibe - O, 189 cediranine - C + olaparibe - O) e 528 pacientes iniciaram o tratamento (166 SOC, 183 O, 179 C + O). 23,7% das pacientes apresentava gBRCAmut. O acompanhamento médio foi de 29,1 meses. 53 pacientes em SOC iniciaram a terapia não-protocolo (manutenção predominantemente de inibidor de PARP) antes da progressão da doença. O hazard ratio para sobrevida livre de progressão foi de 0,856 (95% CI 0,66-1,11, p = 0,08, 1-tail) entre cediranibe + olaparibe e SOC e 1,20 (95% CI 0,93-1,54) entre olaparibe e SOC, com mediana de SLP de 10,3, 8,2 e 10,4 meses para SOC, olaparibe isolado e cediranibe + olaparibe, respectivamente.
As taxas de resposta foram de 71,3% (SOC), 52,4% (O) e 69,4% (C + O). Em pacientes gBRCA, o HR para sobrevida livre de progressão foi de 0,55 (95% CI 0,73-1,30) para cediranibe + olaparibe vs SOC e 0,63 (95% CI 0,37-1,07) para olaparibe vs SOC. Nos pacientes não-gBRCA, a HR para essas comparações foi de 0,97 (95% CI 0,73-1,30) e 1,41 (1,07-1,86). Não foram observadas diferenças de sobrevida global entre os braços em 44% dos eventos. Em comparação com SOC, as pacientes que receberam a combinação de cediranibe e olaparibe apresentaram eventos adversos gastrointestinais de grau 3 ou superiores com mais frequência (30,1% vs 8,4%), hipertensão (31,7% vs 1,8%) e eventos de fadiga (17,5% vs 1,8%).
Os autores concluíram que a combinação de cediranibe e olaparibe demonstrou atividade semelhante ao SOC no câncer e ovário sensível à platina recidivada, mas não atingiu o endpoint primário de melhora da sobrevida livre de progressão.
O estudo foi financiado pelo U.S. National Institutes of Health.
Informações sobre ensaios clínicos: NCT02446600
Referência: A phase III study comparing single-agent olaparib or the combination of cediranib and olaparib to standard platinum-based chemotherapy in recurrent platinum-sensitive ovarian cancer. - J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 6003) - DOI: 10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.6003
First Author: Joyce F. Liu, MD
Meeting: 2020 ASCO Virtual Scientific Program
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Gynecologic Cancer
Track: Gynecologic Cancer
Subtrack: Ovarian Cancer
Abstract #: 6003
Clinical Trial Registry Number: NCT02446600