Onconews - Mutações germinativas no câncer de pâncreas

livia munhoz bxLívia Munhoz Rodrigues (foto) é primeira autora de estudo com apoio da FAPESP, que explorou a frequência e o espectro de mutações germinativas em uma população multiétnica de pacientes com câncer de pâncreas. O estudo foi selecionado no programa científico da edição virtual do ASCO 2020 e incluiu pacientes do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Abstract #: e16749).

As Diretrizes da NCCN recomendam testes genéticos para todos os pacientes com câncer pancreático, mas o espectro de mutações na linha germinativa não foi extensivamente avaliado, limitado a um reduzido número de genes e concentrado predominantemente nas populações caucasianas.

Neste estudo foram incluídos pacientes com diagnóstico histopatológico de carcinoma pancreático não endócrino atendidos no ICESP, independentemente da história familiar de câncer. Esses pacientes responderam a um questionário sobre hábitos de vida e histórico familiar de câncer e forneceram amostras de sangue para o teste de sequenciamento de próxima geração. O sequenciamento utilizou o painel TruSight Hereditary Cancer (Illumina), que inclui 115 genes de predisposição ao câncer. A análise das variantes foi realizada com o VarStation, uma ferramenta brasileira que oferece suporte computacional pós-sequenciamento e ajuda para interpretação clínica.

Resultados

Até o momento, 77 pacientes foram avaliados.  A idade média foi de 62 anos (27-83), sendo 13% dos pacientes com idade ≤50 anos e 47 mulheres (61%). Trinta e oito pacientes (49%) relataram casos de câncer em parentes de primeiro grau.

Quanto aos fatores de risco, 41 pacientes (53%) relataram tabagismo, 19 (25%) ingestão de álcool e 20 (26%) apresentaram obesidade. Sete dos 77 pacientes apresentaram variantes patogênicas nos genes ATM (n = 2), CHEK2, FANCM (n = 2) ou PALB2 (n = 2). Dois desses pacientes (CHEK2 e FANCM) tiveram câncer de pâncreas de início precoce (≤45 anos), ambos negaram o hábito de fumar e histórico familiar de câncer em parentes de primeiro grau. Dois pacientes, portadores de mutação ATM, relataram parentes de 1º ou 2º grau com câncer e estão vivos após 4 e 8 anos de diagnóstico.

“Nesse grupo não selecionado de pacientes com câncer de pâncreas, 15% eram jovens, quase a metade relatou parentes de primeiro grau com câncer e 9% eram portadores de variantes patogênicas em genes relacionados ao reparo de recombinação homóloga do DNA”, concluiu o estudo brasileiro.

O câncer de pâncreas tem a perspectiva de se tornar a segunda principal causa de morte por câncer até 2030.

Referência: Germline mutations in Brazilian pancreatic carcinoma patients. - J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr e16749) - DOI: 10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.e16749

First Author: Livia Munhoz Rodrigues, PhD student
Meeting: 2020 ASCO Virtual Scientific Program
Session Title: Publication Only: Gastrointestinal Cancer—Gastroesophageal, Pancreatic, and Hepatobiliary
Track: Gastrointestinal Cancer—Gastroesophageal, Pancreatic, and Hepatobiliary
Subtrack: Pancreatic Cancer
Abstract #: e16749