Vanessa Petry (foto), oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), assina estudo que discute o fenótipo e prognóstico de pacientes com câncer de mama e variantes patogênicas do TP53, aceito no programa do 2020 San Antonio Breast Cancer Symposium.
O risco de câncer ao longo da vida em indivíduos com síndrome de Li Fraumeni (LFS) é de aproximadamente 70% para homens e mais de 90% para mulheres. “O câncer de mama (CM) é o tipo de neoplasia mais comum em mulheres na pré-menopausa carreadoras das variantes alélicas patogênicas do TP53 (PVs). No entanto, pouco se sabe sobre a resposta do CM à terapia sistêmica e o prognóstico nesses pacientes. Nosso objetivo é analisar o fenótipo e os resultados de pacientes com câncer de mama e LFS”, explica Vanessa.
A pesquisadora avaliou uma coorte de pacientes com PVs ou provavelmente PVs de TP53 com diagnóstico de câncer de mama, tratados de dezembro de 1999 a junho 2020 em um único centro terciário de câncer.
Entre 56 pacientes com PVs ou provavelmente PVs de TP53, o estudo descreve que 25 foram diagnosticados com câncer de mama. A idade mediana ao diagnóstico foi de 39,2 anos (variação de 23,4-57,4 anos). A maioria (N = 18, 72%) era portadora da PV TP53 p.R337H em heterozigose. O tipo de histologia mais comum foi carcinoma invasivo, 73% com receptores hormonais positivos e 32% HER2-positivos. Três (12%) pacientes metastáticos no momento do diagnóstico e 7 (28%) com doença localizada receberam quimioterapia neoadjuvante e outros 7 (28%) receberam quimioterapia adjuvante.
Entre os pacientes tratados com quimioterapia neoadjuvante, 5 (71%) tiveram resposta tumoral, enquanto 2 (29%) apresentaram progressão da doença. Nenhuma resposta patológica completa foi alcançada. Após um acompanhamento mediano de 52,6 meses, nenhuma morte secundária ao câncer de mama ocorreu. Apenas 1 paciente morreu devido a outra neoplasia (osteossarcoma de mandíbula) e 3 (12%) desenvolveram malignidades induzidas por radioterapia.
“Em pacientes com LFS (enriquecida R337H) e câncer de mama, o subtipo principal encontrado foi carcinoma invasivo não especial, com expressão de receptores hormonais e positividade HER2. Embora a resposta à quimioterapia neoadjuvante seja alta, nenhuma resposta patológica completa ocorreu. Não tivemos, até o momento, nenhum óbito secundário ao CM nesta coorte”, concluiu a autora.
Referência: PS16-34 - Phenotype and prognosis of patients with breast cancer and pathogenic TP53 variants - Vanessa Petry. ICESP/ OncologiaDor, Sao Paulo, Brazil