Onconews - Ivosidenib mostra eficácia no colangiocarcinoma avançado com mutação IDH1

colangio bxResultados finais de estudo randomizado de Fase III (ClarIDHy) foram apresentados em sessão oral no ASCO GI 2021, com dados de eficácia e segurança de ivosidenib (IVO) versus placebo (PBO) em pacientes com colangiocarcinoma previamente tratados e com mutação da isocitrato desidrogenase 1 (mIDH1).

Mutações na enzima IDH1 ocorrem em aproximadamente 20% dos casos de colangiocarcinoma intra-hepáticos, resultando na produção do oncometabólito D-2-hidroxiglutarato, que promove a oncogênese. Neste estudo, o objetivo foi demonstrar a eficácia de IVO versus PBO em pacientes com CCA mIDH1 irressecável ou metastático. Os resultados reportados no ASCO GI 2021 por  Andrew X. Zhu, da Harvard Medical School, mostram que o principal endpoint foi alcançado, com melhora significativa na sobrevida livre de progressão com IVO vs PBO  nessa população de pacientes (HR = 0,37; p, 0,0001). A taxa de resposta objetiva (ORR) e a taxa de doença estável com IVO foram respectivamente de 2,4% (3 respostas parciais) e 50,8% (n = 63) vs 0% e 27,9% (n = 17) para PBO.

Foram elegíveis pacientes com CCA irressecável ou metastático mIDH1 com bom performance status (ECOG PS 0–1) e doença mensurável (RECIST v1.1), randomizados 2: 1 para IVO (500 mg PO QD) ou PBO, estratificados de acordo com o tratamento sistêmico anterior (1 ou 2). O cruzamento de PBO para IVO foi permitido na progressão radiográfica. O endpoint primário foi sobrevida livre de progressão (SLP) na avaliação do comitê central independente (IRC). Endpoints secundários incluíram sobrevida global (SG por intenção de tratar), taxa de resposta objetiva (ORR) e SLP (por investigador), além de dados de segurança e qualidade de vida.

Resultados

Em 31 de maio de 2020, aproximadamente 780 pacientes foram pré-selecionados para análise da mutação IDH1 e 187 foram randomizados para IVO (n = 126) ou PBO (n = 61), com idade média de 62 anos; M / F  68/119; 91% com CCA intra-hepática; 93% com doença metastática; 47% expostos a 2 terapias anteriores. 70% dos pacientes do braço PBO passaram para o braço de tratamento com IVO.

No corte de dados, os resultados de SG estavam maduros, com 79% de eventos  no braço IVO e 82% no PBO. A mediana de SG foi de 10,3 meses para IVO e 7,5 meses para PBO (HR = 0,79; IC 95% 0,56-1,12; p unilateral = 0,093).

Em relação ao perfil de segurança, eventos adversos de todos os graus relacionados ao tratamento (TEAEs) ocorreram em 15% dos pacientes no braço IVO: náusea 41%, diarreia 35%, fadiga 31%, tosse 25%, dor abdominal  24%, diminuição do apetite 24%, ascite 23%, vômito 23%, anemia 18% e constipação 15%. TEAEs de grau ≥ 3 foram relatados em 50% dos pacientes tratados com IVO vs 37% dos pacientes do braço controle. Eventos que levaram à descontinuação do tratamento ocorreram em 7% dos pacientes IVO versus 9% entre aqueles do braço PBO.

“IVO foi bem tolerado e resultou em uma tendência favorável de SG vs PBO, apesar da alta taxa de crossover. Esses dados - juntamente com melhoria estatística em SLP, dados favoráveis de qualidade de vida e segurança - demonstram o benefício clínico de IVO em pacientes com CCA avançado mIDH1”, concluem os autores.

Este estudo está registrado na plataforma ClinicalTrials: NCT02989857.

Referência: 266 Oral Abstract Session - Final results from ClarIDHy, a global, phase III, randomized, double-blind study of ivosidenib (IVO) versus placebo (PBO) in patients (pts) with previously treated cholangiocarcinoma (CCA) and an isocitrate dehydrogenase 1 (IDH1) mutation.

First Author: Andrew X. Zhu, Harvard Medical School/Massachusetts General Hospital Cancer Center, Boston, MA