Selecionado para apresentação na 63ª ASH, estudo de mundo real realizado no Reino Unido mostrou resultados de eficácia e segurança do anticorpo isatuximabe (Sarclisa®, da Sanofi Genzyme) com pomalidomida e dexametasona (IsaPomDex) em pacientes com mieloma múltiplo recidivado/ refratário (MMRR). “No ambiente de cuidados de rotina, os resultados de sobrevida livre de progressão (SLP) e taxa de resposta global (ORR) foram comparáveis aos dados do ensaio ICARIA”, destacam os autores.
Neste estudo retrospectivo, o regime contendo isatuximabe (IsaPomDex) foi avaliado em 24 centros de câncer do Reino Unido. O endpoint primário foi a taxa de resposta global (ORR). Endpoints secundários incluíram sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG) e eventos adversos (EAs). Uma análise (land-mark) de 3 meses foi conduzida para avaliar a influência da intensidade da dose de pomalidomida e dexametasona, assim como a resposta nos resultados de sobrevida de pacientes com mieloma múltiplo.
Resultados
Em uma coorte de 107 pacientes, com idade mediana de 69 anos (61-77), acompanhados pela mediana de 3,7 meses (0,5-12,4 meses), 80,4% tinham status de desempenho <2 e 61,7% Índice de Comorbidade de Charlson (CCI) <4. A apresentação renal (e-TFG <60 ml / min) foi de 43% na coorte total; 28 pacientes apresentavam estadiamento ISS III (de 85 pacientes com dados conhecidos) e 15 citogenética de alto risco (de 62 pacientes com dados conhecidos).
Na coorte avaliada, os pacientes foram expostos em média a 3 (2-5) terapias anteriores, incluindo transplante (60,7%), alquilantes (99,1%), Inibidor de Proteassoma (99,1%), IMiD (100%), anti-CD38 (4,7%) e HDACi (3,7%). No estudo, os pacientes receberam em média 4 ciclos (2-8) de IsaPomDex).
Quando avaliada a resposta global, os autores reportam que a ORR na coorte total foi de 61,7%, com respostas categorizadas como ≥Very Good Partial Response (VGPR) em 25,2%; Resposta parcial (PR) em 36,5%, Doença estável (SD) em 18,7% e Doença progressiva (PD) observada em 14% da coorte. Em 5,6% a resposta foi desconhecida. O tempo médio (IQR) para resposta objetiva (≥PR) foi de 2,67 meses (1,6-4,6). A mediana de SLP na coorte total foi de 10,1 meses (IC 95%: 6,0-12,5) e a probabilidade de SLP em 3 meses foi de 82,4% (IC 95%: 72,7-88,9).
Em relação ao perfil de segurança, as doses de pomalidomida e dexametasona foram reduzidas em 40,2% e 41,1% dos pacientes, respectivamente. No momento da análise, quase 70% permaneciam em tratamento, enquanto 31,8% haviam descontinuado. Os motivos para a descontinuação foram morte por qualquer causa (14,9%), progressão da doença (14,9%) e toxicidade (1,9%). Pacientes mais velho e aqueles com maior carga de comorbidades não alcançaram diferença estatística na ORR por idade (<75: vs. ≥75 anos, p = 0,448) ou por comorbidades (CCI <4 vs. ≥ 4, p = 0,635). A ORR não foi estatisticamente inferior na coorte com redução de dose (dose completa vs. Pom OU Dex ↓, Pearson chi2 p = 0,322; dose completa vs. Pom E Dex ↓, Pearson chi2 p = 0,214). Não houve diferença estatística na mediana de SLP por idade (<65 anos: 10,2 vs. 65-74: não alcançada (NR) vs. ≥75: 7,9 meses, log-rank p = 0,323), por índices de comorbidade (< 4: 9,0 meses vs. ≥4: NR, log-rank p = 0,6339), ou por insuficiência renal e-GFR (≥60: 11,2 vs. <60: 7,9 meses, log-rank p = 0,1259).
A análise (land-mark) de 3 meses, usada para reduzir o risco de viés de sobrevida, não demonstrou diferença estatística na SLP de acordo com a intensidade da dose de pomalidomida (<4mg vs. 4mg, log-rank p = 0,1162) ou dexametasona (<100% vs. 100%, log-rank p = 0,2421), mas houve melhora estatisticamente significativa de SLP naqueles que alcançaram ≥PR (log-rank p = 0,0005).
A SG mediana para a coorte total não foi alcançada (IC 95%: 8,4 não estimável). A probabilidade de sobrevida global em 3 meses foi de 87,2% (IC 95%: 78,5-92,6%) e em 6 meses de 75,1% (IC 95%: 62,9-83,8%). A mediana de SG não foi alcançada para nenhum dos subgrupos por idade (<65: NR vs. 65-74: NR vs. ≥75: NR, log-rank p = 0,3422), e para quaisquer subgrupos de comorbidade (<4: NR vs. ≥4: NR, log-rank p = 0,4654).
Eventos adversos de qualquer grau ocorreram em 87,9% dos pacientes. Os EAs de qualquer grau mais comuns (> 10%) foram neutropenia (65,4%), trombocitopenia (23,4%), infecções (23,4%), anemia (15,9%) e fadiga (10,3%). O número total de todos os EAs ≥G3 foi 119, em um total de 67 pacientes (62,6%). Os EAs ≥G3 mais comuns (> 10%) foram neutropenia (45,8%), infecções (18,7%) e trombocitopenia (14%). O número total de todos os EAs hematológicos ≥G3 foi 80, em 57 pacientes (53,2%).
“Até onde sabemos, este é o primeiro estudo a descrever os resultados de IsaPomDex no mundo real e demonstrou resultados encorajadores de ORR e SLP no MMRR no ambiente de cuidados de rotina, comparáveis aos dados do ensaio ICARIA-MM”, concluem os autores, que alertam para a importância de um monitoramento cuidadoso e ajustes de dose para controlar as toxicidades.
Isatuximabe é um anticorpo monoclonal derivado de IgG1 que se liga a um epítopo extracelular específico do receptor CD-38 e desencadeia vários mecanismos que levam à morte de células tumorais que expressam CD-38.
Referência: 1963 Efficacy Outcomes of Isatuximab with Pomalidomide and Dexamethasone Are Comparable to (ICARIA-MM) Trial Data: Initial Results of a UK-Wide Real-World Study of Relapsed Myeloma Patients - Faouzi Djebbari et al.
Program: Oral and Poster Abstracts
Session: 905. Outcomes Research—Lymphoid Malignancies: Poster I
Hematology Disease Topics & Pathways:
Biological, Clinical Research, Health Outcomes Research, Plasma Cell Disorders, Diseases, Therapies, Lymphoid Malignancies, Monoclonal Antibody Therapy, Clinical Practice (e.g. Guidelines, Health Outcomes and Services, and Survivorship, Value; etc.)
Saturday, December 11, 2021, 5:30 PM-7:30 PM