Onconews - ESMO 2021: resultados confirmam eficácia da vacina contra COVID-19 em pacientes com câncer

vacina covid bxPacientes com câncer não participaram de ensaios clínicos conduzidos para desenvolvimento de vacinas contra a COVID-19, e havia dúvidas sobre a eficácia e segurança da imunização em indivíduos com sistema imunológico comprometido. Agora, estudos apresentados no ESMO 2021 Congress confirmam a eficácia da imunização nessa população de pacientes.

Esses resultados se comparam favoravelmente com as respostas de anticorpos observadas em quase todos (99,6%) os indivíduos do grupo sem câncer. As altas taxas de eficácia da vacina observadas, independentemente do tipo de tratamento anticâncer, são tranquilizadoras”, afirmou Antonio Passaro, oncologista do Instituto Europeu de Oncologia, em Milão, Itália, que destacou ainda a importância de garantir a vacinação completa de duas doses para pacientes com câncer para desenvolver anticorpos protetores suficientes contra o vírus.

Um dos trabalhos selecionados (LBA8)1 buscou explorar o potencial impacto da quimioterapia e imunoterapia na proteção conferida pela vacinação contra COVID-19. O estudo VOICE inscreveu 791 pacientes de vários hospitais na Holanda em quatro grupos distintos, compreendendo indivíduos sem câncer, pacientes com câncer tratados com imunoterapia, pacientes tratados com quimioterapia e pacientes tratados com uma combinação de quimio-imunoterapia, para avaliar as respostas às duas doses da vacina de mRNA-1273 da Moderna.

Vinte e oito dias após a administração da segunda dose, níveis adequados de anticorpos contra o vírus foram encontrados em 84% dos pacientes com câncer recebendo quimioterapia, 89% dos pacientes recebendo quimio-imunoterapia em combinação e 93% dos pacientes tratados com imunoterapia isolada.

Resultados semelhantes foram observados em um segundo estudo (Abstract 1559O)2 sobre os efeitos de tozinameran (Pfizer – BioNTech) em 232 pacientes com câncer e 261 indivíduos controle em Israel. Enquanto menos de um terço dos indivíduos com câncer (29%) desenvolveu anticorpos após receber a primeira dose, em comparação com 84% no grupo de controle, esta proporção aumentou para 86% após a administração da segunda dose.

“Ao não relatar novos eventos adversos, os resultados dos estudos oferecem evidências conclusivas de que, além de amplamente eficaz, a vacinação contra a COVID é tão segura para pessoas com câncer quanto para a população geral, avalia Luis Castelo-Branco, oncologista da Divisão Científica da ESMO.

O especialista destaca os resultados de uma análise de subgrupo3 (Abstract 1558) de 3.813 participantes com história anterior de câncer ou doença ativa que mostrou que os efeitos colaterais mais comuns da vacinação foram os mesmos - local da injeção dor, fadiga, febre, calafrios, dor de cabeça e dores musculares - extremamente leves e ocorreram com uma frequência semelhante à da população geral do estudo (44.047 participantes).

“Embora este estudo tenha excluído pessoas em tratamento anticâncer de supressão da função imunológica, como quimioterapia, e, portanto, uma proporção significativa de pacientes com câncer, em conjunto com a abundância de dados complementares apresentados, contribui para um quadro geral abrangente e positivo da eficácia e segurança da vacina contra COVID-19 em pacientes oncológicos”, concluiu.

Referências: 

1 - Abstract LBA8 ‘Vaccination against SARS-CoV-2 in patients receiving chemotherapy, immunotherapy, or chemo-immunotherapy for solid tumours’ - Sjoukje Oosting et al

2 - Abstract 1559O ‘Efficacy and toxicity of BNT162b2 vaccine in cancer patients’ - Ithai Waldhorn et al

3 - Abstract 1558O ‘COVID-19 vaccine in participants (ptcpts) with cancer: Subgroup analysis of efficacy/safety from a global phase III randomised trial of the BNT162b2 (tozinameran) mRNA vaccine’ - Stephen J. Thomas et al