Estudo selecionado para apresentação em pôster no SABCS 2021 traz dados de sobrevida livre de progressão e sobrevida global de 2 subgrupos do estudo MONALEESA-3: pacientes em primeira linha com doença de novo vs recidiva tardia e todos os pacientes com ou sem quimioterapia prévia. “A adição de ribociclibe mostrou benefício consistente de sobrevida livre de progressão e sobrevida global em todos os subgrupos nesta análise”, destaca a publicação.
O Fase III MONALEESA-3 (ML-3) demonstrou benefício significativo de sobrevida global (SG) para ribociclibe (RIB) + fulvestranto (FUL) em relação a placebo (PBO) + FUL como terapia de primeira ou segunda linha em pacientes pós-menopausadas com câncer de mama avançado RH+/HER2-negativo. “O tratamento anterior ([neo]adjuvante ou cenário avançada) pode impactar os resultados da terapia subsequente, incluindo sobrevida global; portanto, compreender o efeito potencial do tratamento anterior é de alto interesse clínico”, observam os autores.
O ML-3 (NCT02422615) incluiu pacientes na pós-menopausa randomizadas 2: 1 para receber RIB + FUL ou PBO + FUL. Foram incluídas pacientes com terapia endócrina prévia ([neo] adjuvante ou ≤1 terapia endócrina anterior para câncer de mama avançado) e sem quimioterapia para doença avançada. Pacientes com doença de novo foram definidas como inicialmente diagnosticadas como câncer de mama avançado, sem tratamento prévio. Pacientes com recidiva tardia foram definidas como aquelas que apresentaram recidiva mais de 12 meses após a conclusão da terapia endócrina (neo)adjuvante sem tratamento prévio para doença avançada. Uma vez que a quimioterapia anterior para câncer de mama avançado não era permitida no ML-3, a análise de quimioterapia anterior compara as pacientes com QT prévia (neo)adjuvante versus aquelas sem a quimioterapia prévia (neo)adjuvante.
Resultados
O corte de dados foi dia 30 de outubro de 2020. Na população em primeira linha, na análise de novo vs recidiva tardia, 132 pacientes (RIB: n = 91; PBO: n = 41) tiveram doença de novo e 153 apresentaram recidiva tardia (RIB: n = 98; PBO: n = 55). As características do baseline foram geralmente equilibradas entre os grupos de novo e de recidiva tardia, com algumas exceções notáveis: uma proporção maior de pacientes com doença de novo tinha idade menos de 65 anos (52,3% vs 41,8%) e uma proporção menor tinha doença visceral (53,0% vs 63,4%).
No grupo de recidiva tardia, 70,6% tinham QT prévia (neo)adjuvante. Doença de novo ou recidiva tardia não parecem ser prognósticos, pois tanto a SLP como a SG foram geralmente comparáveis entre as pacientes tratadas com ribociclibe ou placebo (Tabela). O tratamento com ribociclibe + fulvestranto demonstrou benefícios consistentes de sobrevida livre de progressão e sobrevida global em comparação com placebo e fulvestranto tanto em pacientes com doença de novo como naquelas com recidiva tardia.
Na análise de quimioterapia prévia, 391 pacientes (RIB: n = 265; PBO: n = 126) tinham QT anterior (41,4% em 1L e 55,5% em 2L/recidiva precoce [3,1% de dados ausentes]) e 334 (RIB: n = 219; PBO: n = 115) não receberam QT anterior (60,8% em 1L, 38,9% em 2L / recidiva precoce [0,3% de dados perdidos]). As características basais foram geralmente balanceadas entre pacientes com e sem quimioterapia prévia, com algumas exceções: uma proporção maior de pacientes com QT prévia tinha menos de 65 anos (62,1% vs 42,8%) e havia recebido terapia endócrina anteriormente (86,4% vs 53,0%).
Em ambos os braços ribociclibe e placebo, pacientes sem QT prévia apresentaram mediana de SLP e SG mais longas em comparação com aqueles com QT prévia (SG sem vs com QT prévia tratado com RIB: HR, 0,68 [95% CI, 0,52-0,89]; PBO: HR, 0,72 [95% CI, 0,52-1,00]). O tratamento com ribociclibe + fulvestranto demonstrou benefícios consistentes de SLP e SG em comparação com placebo + fulvestranto nos pacientes com e sem quimioterapia prévia (SG para RIB vs PBO com QT prévia: HR, 0,76 [95% CI, 0,58-1,01]; sem QT prévia anterior: HR, 0,70 [95% CI, 0,50-0,97]).
“Esta análise exploratória demonstrou que a apresentação metastática (de novo vs recidiva tardia) não foi prognóstico para os resultados da doença; no entanto, a exposição prévia à quimioterapia, mesmo (neo)adjuvante, foi associada a piores SLP e SG”, observaram os autores. “A adição de ribociclibe mostrou benefício consistente de sobrevida livre de progressão e sobrevida global em todos os subgrupos nesta análise. Particularmente, a adição de ribociclibe resultou em um benefício de SLP e SG consistente e clinicamente significativo, com uma diminuição de 24% no risco relativo de morte em pacientes com exposição anterior à quimioterapia”, concluíram.
De novo/late relapse | RIB + FUL | PBO + FUL | HR (RIB vs PBO) |
Median PFS (95% CI), months | |||
De novo | 35.6 (27.1-42.0) | 22.1 (14.6-33.1) | 0.55 (0.35-0.86) |
Late relapse | 35.8 (20.0-44.4) | 22.0 (16.5-27.7) | 0.60 (0.40-0.89) |
HR (de novo vs late elapse) | 0.93 (0.64-1.36) | 0.996 (0.63-1.57) | |
Median OS (95% CI), months | |||
De novo | 59.9 (52.7-NE) | 52.9 (39.6-NE) | 0.67 (0.38-1.19) |
Late relapse | NE (54.9-NE) | 52.3 (40.4-NE) | 0.69 (0.42-1.13) |
HR (de novo vs late relapse) | 0.899 (0.552-1.465) | 0.91 (0.51-1.62) | |
Prior (neo)adjuvant CT Median PFS (95% CI), months | |||
Without prior CT | 28.3 (23.3-35.6) | 17.5 (13.6-21.9) | 0.60 (0.46-0.78) |
With prior CTa | 17.9 (14.3-19.9) | 10.8 (7.2-12.3) | 0.61 (0.48-0.78) |
HR (without vs with prior CT) | 0.76 (0.60-0.94) | 0.72 (0.55-0.95) | |
Median OS (95% CI), months | |||
Without prior CT | NE (54.9-NE) | 44.9 (38.5-58.1) | 0.70 (0.50-0.97) |
With prior CTa | 43.0 (39.1-51.2) | 40.1 (30.3-48.6) | 0.76 (0.58-1.01) |
HR (without vs with prior CT) | 0.68 (0.52-0.89) | 0.72 (0.52-1.00) |
NE, not estimable
aIncludes 4 patients who received prior CT for ABC (protocol violation).