O agente experimental adagrasib apresentou resultados iniciais no ASCO 2022, demonstrando atividade e segurança no tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) com mutação KRASG12C. O estudo teve publicação simultânea na New England Journal of Medicine (NEJM), em artigo com participação do oncologista brasileiro Marcelo Vailati Negrão (foto), do MD Anderson Cancer Center.
Neste estudo multicoorte de Fase 1 / 2 (KRYSTAL-1) adagrasibe é avaliado como monoterapia ou em regimes combinados em pacientes com tumores sólidos avançados portadores de mutação KRASG12C. Os dados apresentados em sessão oral no congresso norte-americano referem-se aos pacientes inscritos na Coorte A, uma coorte de Fase 2 com intenção de registro, considerando adagrasibe (600 mg por via oral BID) em pacientes com CPCNP previamente tratados com quimioterapia à base de platina e terapia anti-PD-1/L1. Nesta análise, o objetivo é avaliar a eficácia (taxa de resposta objetiva [ORR], duração da resposta [DOR], sobrevida livre de progressão [SLP], sobrevida global [SG]), segurança, farmacocinética (PK) e análises exploratórias. A resposta objetiva do tumor foi avaliada por RECIST v1.1 por revisão central independente cega (BICR).
Resultados
A partir do corte de dados de 15 de outubro de 2021, 116 pacientes com CPCNP com mutação KRASG12C foram inscritos e tratados, com acompanhamento mediano de 12,5 meses. As características basais incluem idade mediana de 64 anos, 65% do sexo feminino e 15,5%/83,6% com ECOG PS 0/1; 98,3% dos pacientes receberam adagrasibe após tratamento prévio com imunoterapia e quimioterapia, com mediana de 2 terapias sistêmicas anteriores.
Os autores descrevem que a ORR (por BICR) foi de 42,9% (48/112) e a taxa de controle da doença foi de 79,5% (89/112); 31 pacientes permanecem em tratamento. A DOR mediana foi de 8,5 meses (IC 95% 6,2–13,8), a SLP mediana foi de 6,5 meses (IC 95% 4,7–8,4), a SG mediana foi de 12,6 meses (IC 95% 9,2–NE).
A análise de segurança relata que os eventos adversos (EAs) relacionados ao tratamento (TRAEs) de qualquer grau ocorreram em 97,4% dos pacientes, TRAEs de grau ≥3 em 45,7%, 2 TRAEs de grau 5 e 8 (6,9%) TRAEs levaram à descontinuação. Os TRAEs mais frequentemente relatados (≥25%) (qualquer grau) foram diarreia (62,9%), náusea (62,1%), vômito (47,4%), fadiga (40,5%), aumento de ALT/AST (27,6%/25%), elevação de creatinina sanguínea (25,9%). Os TRAEs mais comumente relatados (≥5%) (grau 3/4) foram aumento da lipase (6%) e anemia (5,2%).
Os dados sugerem que adagrasib é bem tolerado e demonstra eficácia promissora em pacientes com CPCNP pré-tratados, portadores de mutação KRASG12C. "Os dados do
estudo KRYSTAL-1 mostram a eficacia promissora de adagrasibe, um inibidor alostérico covalente de KRASG12C. Isso reitera que KRASG12C é um alvo molecular em câancer de pulmao. Futuros estudos avaliando terapias combinadas são necessários para aumentar a taxa de resposta e a sobrevida livre de progressão, e estudo fase 3 confirmatório de adagrasibe vs docetaxel está em andamento (NCT04685135)", conclui Marcelo.
Este estudo está registrado na Clinical trial information: NCT03785249.
A mutação KRASG12C ocorre em aproximadamente 14% dos casos de CPCNP.
Referência: KRYSTAL-1: Activity and safety of adagrasib (MRTX849) in patients with advanced/metastatic non–small cell lung cancer (NSCLC) harboring a KRASG12C mutation.
First Author: Alexander I. Spira, MD, PhD, FACP
Meeting: 2022 ASCO Annual Meeting
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Lung Cancer—Non-Small Cell Metastatic
Track: Lung Cancer—Non-Small Cell Metastatic
Subtrack: Metastatic Non-Small Cell Lung Cancer
Abstract #: 9002
Citation: DOI:10.1200/JCO.2022.40.16_suppl.9002