Onconews - Enfortumab-vedotin como estratégia neoadjuvante no câncer de bexiga

maikol 22 bxDaniel Petrylak, do Yale Cancer Center, apresentou na ASCO GU 2022 novos dados do anticorpo droga conjugado enfortumab-vedotin, desta vez como estratégia neoadjuvante em monoterapia no câncer de bexiga músculo invasivo (MIBC), em pacientes inelegíveis ao tratamento com cisplatina. Os resultados são da coorte H do estudo EV-103 fase 1b/2. Maikol Kurahashi (foto), oncologista na Cionc - Centro Integrado de Oncologia de Curitiba, comenta os resultados do trabalho.

“Para os pacientes elegíveis ao tratamento com cisplatina, o tratamento padrão do câncer de bexiga com doença localizada musculo-invasiva é a quimioterapia neoadjuvante seguida de cirurgia. No entanto, quando o paciente é inelegível a cisplatina, é encaminhado para o tratamento cirúrgico”, esclarece Kurahashi. “Esse estudo é interessante porque oferece uma oportunidade de realizar a neoadjuvância para esses pacientes inelegíveis a cisplatina, para tentar promover o downstaging desses pacientes e melhorar o prognóstico”, acrescenta.

Nesta análise, foram inscritos pacientes com MIBC cT2-T4aN0M0 inelegíveis para cisplatina, mas elegíveis para cistectomia radical e dissecção de linfonodos pélvicos (RC+PLND), com status de desempenho ECOG de 0-2.

Os pacientes elegíveis receberam 3 ciclos de enfortumab-vedotin (EV) neoadjuvante (1,25 mg/kg) nos dias 1 e 8 de cada ciclo de 3 semanas antes de RC+PLND. O endpoint primário do estudo foi a taxa de resposta patológica completa (pCRR; ypT0N0) avaliada por revisão central. Os principais endpoints secundários incluíram taxa de downstaging patológico (pDS) (yp T0, Tis,Ta,T1,N0) e segurança.

Resultados

Um total de 22 pacientes foi tratado nesta coorte. Os pacientes inscritos tinham tumores cT2 (68,2%), cT3 (27,3%) e cT4 (4,5%), 68,2% com câncer urotelial predominante e 31,8% com histologia mista. Dezenove pacientes completaram todos os 3 ciclos de EV. 21 foram submetidos a RC+PLND e 1 a uma cistectomia parcial. Os autores reportam que 36,4% dos pacientes tinham pCR e 50% atingiram downstaging patológico, com 1 caso pendente de revisão da patologia central.

Os resultados da análise de segurança mostram que os eventos adversos mais frequentes relacionados ao tratamento com EV (TRAEs) foram fadiga (45,5%), alopecia (36,4%) e disgeusia (36,4%). 18,2% dos pacientes tiveram TRAEs de Grau ≥3. Nenhuma cirurgia foi adiada devido à administração de EV. Três pacientes tiveram EAs de Grau 5 durante o estudo que não estavam relacionados com EV, sendo que em 2 pacientes a ocorrência dos EAs foi mais de 30 dias após RC+PLND.

“É um estudo ainda pequeno, de fase 1b/2, que apesar de não mudar a nossa rotina, abre uma perspectiva em um cenário de uma população que carece de um tratamento neoadjuvante”, avalia Kurahashi.

Enfortumab vedotin é um conjugado anticorpo-droga direcionado à Nectina-4, que é altamente expressa no câncer urotelial e em estudos de Fase II e III demonstrou beneficiar essa população de pacientes com doença localmente avançada ou metastática, incluindo aqueles inelegíveis a cisplatina.

Informações sobre este ensaio clínico: NCT03288545.

Referência: Study EV-103 Cohort H: Antitumor activity of neoadjuvant treatment with enfortumab vedotin monotherapy in patients (pts) with muscle invasive bladder cancer (MIBC) who are cisplatin-ineligible.
First Author: Daniel P. Petrylak, MD
Meeting: 2022 ASCO Genitourinary Cancers Symposium
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Oral Abstract Session B: Urothelial Carcinoma
Track: Urothelial Carcinoma
Subtrack: Therapeutics
Abstract #: 435
Clinical Trial Registry Number: NCT03288545
Citation: J Clin Oncol 40, 2022 (suppl 6; abstr 435)
DOI: 10.1200/JCO.2022.40.6_suppl.435