Onconews - IKEMA: Isatuximabe no mieloma múltiplo

thomas martinThomas Martin (foto), da Universidade da California, apresenta no ASH 2022 análise de subgrupo de estudo de Fase 3 (IKEMA) que avaliou isatuximabe associado a carfilzomibe e dexametasona (isa-Kd) na recidiva precoce ou tardia de pacientes com mieloma múltiplo recidivado e/ou refratário. Os resultados mostram que a adição de Isa a Kd melhorou a sobrevida livre de progressão e a profundidade de resposta, tanto na recidiva precoce quanto na recidiva tardia, com perfil de segurança gerenciável.

Dados já conhecidos demonstram que a combinação de Isa-Kd melhora significativamente a sobrevida livre de progressão em comparação com Kd em pacientes com MM recidivado (mediana de SLP de 35,7 vs. 19,2 meses; razão de risco [HR] 0,58; 95,4% CI, 0,42–0,79), promovendo aumento clinicamente significativo de negatividade da doença residual mínima (MRD-) (33,5% vs. 15,4%) e taxas de resposta completa (CR) (44,1% vs 28,5%) na população com intenção de tratar. Agora, esta análise de subgrupo atualiza dados de eficácia e segurança de Isa-Kd versus Kd comparando pacientes com MM que tiveram recaída precoce versus tardia.

Foram elegíveis pacientes com 1–3 linhas anteriores de tratamento, randomizados 3:2 para receber Isa-Kd (n=179) ou Kd (n=123). O tratamento foi administrado até a progressão da doença ou toxicidade inaceitável. Esses dados de longo prazo, com acompanhamento mediano de 44 meses, são da análise final pré-especificada de sobrevida livre de progressão (SLP) do ensaio IKEMA. Endpoints secundários incluíram resposta completa (CR), negatividade de doença residual mínima (MRD-) e segurança.

A recidiva precoce foi definida como a recidiva <12 meses desde o início da linha de tratamento (LOT) mais recente para pacientes com ≥2 LOT anteriores, <18 meses para pacientes com 1 LOT anterior e <12 meses pós transplante autólogo de células-tronco (ASCT). A recidiva tardia foi definida como a recidiva ≥12 meses desde o início do LOT mais recente para aqueles com ≥2 LOT anteriores e ≥18 meses para pacientes com 1 LOT anterior.

Resultados

A análise apresentada no ASH 2022 revelou 107 pacientes com recidiva precoce (61/179 [34,1%] no braço Isa-Kd e 46/123 [37,4%] no braço Kd, além de 176 pacientes com recidiva tardia (104 [58,1%] no braço Isa-Kd e 72 [58,5%] no braço Kd.

Entre os pacientes com recidiva precoce, o braço Isa-Kd teve maior proporção de pacientes com insuficiência renal (31,0% vs 15,4%) e menor incidência de pacientes com ISS Estágio I (31,1% vs. 54,3%) em comparação com o braço Kd. O número mediano de LOT anterior foi 2 para ambos os braços de tratamento em pacientes com recidiva precoce e no braço Kd de recidiva tardia. No braço Isa-Kd de recidiva tardia, os autores descrevem a mediana de 1 LOT anterior (55,8% tiveram 1 LOT anterior com Isa-Kd vs 48,6% pacientes com Kd). Na recaída tardia, mais pacientes tiveram anormalidade cromossômica 1q21+ com Isa-Kd (44,2%) vs Kd (33,3%).

No corte de dados, a mediana de SLP foi mais longa para pacientes tratados com Isa-Kd vs Kd em recidiva precoce (24,7 vs. 17,2 meses; HR 0,662 [IC 95,4%, 0,404–1,087]) e também entre os que receberam Isa-Kd na recidiva tardia (42,7 vs. 21,9 meses; HR, 0,542 [IC 95,4%, 0,353– 0,833]) (Figuras 1 e 2). As taxas de resposta global com Isa-Kd versus Kd foram 82,0% vs. 82,6% em pacientes com recidiva precoce e 90,4% vs. 86,1% em pacientes com recidiva tardia, respectivamente.

Mais pacientes obtiveram resposta parcial muito boa ou melhor com o regime contendo isatuximabe (recidiva precoce: 67,2% vs. 52,2%; recidiva tardia: 76,0% vs. 58,3%), MRD- (recidiva precoce: 24,6% vs. 15,2%; recidiva tardia: 37,5% vs. 16,7%) e taxas de MRD-CR (recidiva precoce: 18,0% vs. 10,9%; recidiva tardia: 30,8% vs. 13,9%) com Isa-Kd vs. Kd, respectivamente.

A análise de segurança revela que eventos adversos graves (Grau ≥ 3) emergentes do tratamento (TEAEs) foram semelhantes em ambos os braços de análise em pacientes com recidiva inicial, mas foram maiores no braço Isa-Kd em pacientes com recidiva tardia. No entanto, as taxas de TEAEs levando à descontinuação definitiva ou morte foram semelhantes em ambos os braços, independentemente de recidiva precoce ou tardia.

TEAEs de todos os graus relatados com mais frequência com Isa-Kd (diferença ≥10% vs. Kd) incluíram reações à infusão na recidiva precoce (41,0% vs. 6,5%) e na recidiva tardia (50,0% vs. 1,4%), infecção do trato respiratório superior (38,2% vs. 26,8%), fadiga (32,4% vs. 19,7%), dispneia (36,3% vs. 22,5%), bronquite (30,4% vs. 12,7%), tosse (23,5% vs. 11,3%) e gastroenterite (14,7% vs. 4,2%) em pacientes com recidiva tardia.

Entre as anormalidades laboratoriais hematológicas relatadas com mais frequência (≥5%) no braço Isa-Kd, Martin e colegas descrevem anemia de Grau 3 (42,6% vs. 30,4%), neutropenia de Grau 3 (18,0% vs. 4,3%) e trombocitopenia de Grau 3 e 4 (21,3 % vs. 15,2% e 18,0% vs 13,0%) em pacientes com recaída precoce e neutropenia de Grau 3 (13,7% vs. 8,5%) em pacientes com recidiva tardia com Isa-Kd vs. Kd, respectivamente.

Em conclusão, a adição de Isa a Kd melhorou a SLP e a profundidade da resposta, tanto na recidiva precoce quanto na recidiva tardia, consistente com o benefício observado na população geral do estudo IKEMA, com perfil de segurança administrável. “Esses resultados apoiam Isa-Kd como padrão de tratamento em pacientes com MM recidivado e/ou refratário, independentemente da recidiva precoce ou tardia”, destacam os autores. 

ash 753
Referência: 753 Isatuximab Plus Carfilzomib and Dexamethasone in Patients with Early Versus Late Relapsed Multiple Myeloma: Ikema Subgroup Analysis
Program: Oral and Poster Abstracts
Type: Oral
Session: 652. Multiple Myeloma and Plasma Cell Dyscrasias: Clinical and Epidemiological: Therapeutic Impact in Multiple Myeloma
Monday, December 12, 2022: 11:00 AM
Thomas Martin, MD et al