alvaro caldasÁlvaro Caldas (foto), médico e fellow do programa de doutorado em Oncologia do A.C Camargo Cancer Canter, é primeiro autor de estudo aceito como pôster no ESMO 2022 que buscou avaliar a expressão do supressor tumoral CDX2 e da ciclooxigenase 2 (COX2) em amostras de tumor de câncer colorretal metastático em uma coorte caracterizada clinicamente.

“A perda de expressão do gene supressor tumoral CDX2 está associada a um pior prognóstico no câncer colorretal estágio II/III. Seu potencial valor prognóstico e preditivo na doença metastática e sua correlação com outros potenciais biomarcadores, ainda pouco caracterizados, são de grande interesse”, argumentam os autores.

Já existem evidências de que a superexpressão do gene PTGS2 que codifica a ciclooxigenase 2 (COX2) mostrou uma associação direta significativa com estágios avançados de câncer colorretal. Foi anteriormente demonstrado que a redução de CDX2 no câncer colorretal aumenta a resposta inflamatória mediada por NF-κB, regulando positivamente a expressão de COX2. No entanto, a relação entre ambos os marcadores na patogênese do câncer colorretal metastático permanece indeterminada.

Nesse estudo, os pesquisadores consideraram 346 de 720 pacientes com câncer colorretal metastático diagnosticados entre janeiro de 2010 e dezembro de 2019 no hospital AC Camargo que tinham tumores primários e/ou tecidos tumorais de metástase apropriados para análise.

Os microarrays teciduais (TMA) foram montados e analisados ​​por imunohistoquímica com anticorpos anti-CDX2 e anti-COX2. Amostras negativas de CDX2 (CDX2-negativo) foram definidas como ausência completa da coloração da proteína CDX2 e/ou marcação nuclear fraca espalhada em poucas células cancerígenas. A coloração de intensidade e extensão de COX2 foi positiva (COX2+) se a pontuação final fosse ≥3 (0-7).

Foram analisados dados retrospectivos demográficos, clínicos e de sobrevida. As comparações de sobrevida global (OS) entre os grupos foram realizadas por log rank.

Resultados

A perda de CDX2 foi encontrada em 27 (7,8%) amostras e foi significativamente enriquecida entre os tumores pouco diferenciados (26,1% vs 8,1%; p = 0,009) e aqueles com a variante BRAF p.V600E (42,9% vs 5,4%; p = 0,0002). CDX2-negativo não foi associado com idade, sexo, lateralidade do tumor, mutação RAS ou presença de instabilidade de microssatélites. Os tumores COX2+ foram a maioria (93,4%) e não associados à expressão de CDX2 na imunohistoquímica.

A mediana de sobrevida global para pacientes com câncer colorretal metastático CDX2-negativo e CDX2+ foi de 30 e 53 meses, respectivamente (p < 0,0008), e não significativa para a comparação de COX2 (p < 0,152). A mediana de sobrevida livre de progressão na quimioterapia de primeira linha foi significativamente menor para aqueles com tumores CDX2 (6 vs. 10 meses; p < 0,026).

“A perda da expressão de CDX2 no câncer colorretal metastático foi associada a um maior risco de morte e progressão após tratamento de primeira linha, tumores pouco diferenciados e variante BRAF p.V600E. COX2 foi altamente expresso no câncer colorretal metastático, e análises adicionais podem ser necessárias”, concluíram os autores.

O estudo tem orientação da oncologista Rachel Riechelmann, diretora do Departamento de Oncologia do A.C. Camargo Cancer Center e presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG).

Referência: A M C Caldas, W. Nunes, R. Taboada , M G Cesca, , JN Germano , R. Riechelmann. Loss of CDX2 and high COX2 (PTGS2) expression in stage-IV colorectal cancer - AC Camargo Cancer Center, São Paulo, Brazil. ESMO Congress 2022 353P.