Estudo de pesquisadores brasileiros foi eleito o melhor poster do ESMO 2023 na categoria câncer de pulmão metastático. O trabalho é uma revisão sistemática e meta-análise sobre eventos adversos neurocognitivos em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) tratados com o inibidor de TKI lorlatinib. O oncologista Thiago Madeira recebeu a premiação em nome do grupo de pesquisa, que tem como autora sênior a oncologista Maysa Silveira Vilbert, do Princess Margaret Cancer Center, e como primeiro autor Jonathan Priantti, estudante de medicina da Universidade Federal do Amazonas e membro da Liga Acadêmica de Oncologia do Amazonas (LAO-AM).
Lorlatinib (LOR), um inibidor da tirosina quinase de 3ª geração (TKI), tem mostrado atividade promissora no CPNP. No entanto, o tratamento tem sido associado a um número crescente de eventos adversos neurocognitivos (NAEs). Esta revisão sistemática com meta-análise avaliou os NAEs associados à terapia LOR em pacientes com CPCNP.
Os autores consideraram as bases PubMed, Scopus e Cochrane Library, pesquisando por ensaios clínicos e estudos de coorte observacionais que investigam LOR para pacientes com CPCNP. Os NAEs foram definidos como o conjunto de efeitos cognitivos, efeitos de humor, efeitos de fala e efeitos psicóticos.
Foram incluídos 16 estudos com 1.147 pacientes, dos quais 56% eram do sexo feminino, 8% eram asiáticos, 8% tinham histórico de tabagismo, 62% tinham metástases cerebrais e 1% status de desempenho ECOG 2 ou superior. A maioria dos pacientes já havia recebido um TKI de primeira geração antes de LOR.
Uma análise agrupada de NAEs mostrou uma prevalência de efeitos cognitivos em 15,57% da população geral (IC 95% 8,40 e 22,73, I2 90%), efeitos de humor em 11,93% (IC 95% 5,80 e 18,06, I2 89%), efeitos de fala em 6,56% (IC 95% 1,79 e 11,34, I2 91%), e efeitos psicóticos em 4,15% (IC 95% 1,46 e 6,83, I2 74%). Em uma análise de subgrupo, os pesquisadores encontraram taxas mais altas de efeitos cognitivos em ensaios clínicos do que em dados do mundo real (23,57% vs. 9,36%, p = 0,05), e uma diferença significativa também foi observada em efeitos no humor (18,64% vs. 3,70%, p < 0,01). Os NAEs foram controláveis com modificação da dose, interrupção temporária e/ou medicação concomitante.
“Nosso estudo revelou que lorlatinib está associado a aspectos cognitivos, de humor, de fala e efeitos psicóticos em aproximadamente 16%, 12%, 7% e 4% dos pacientes, respectivamente. Encontramos diferenças significativas na prevalência de efeitos cognitivos e de humor entre ensaios clínicos e dados do mundo real”, destacam os autores. “Além disso, todas as análises tiveram alta heterogeneidade entre os estudos. Coletivamente, esses achados ressaltam a importância de educar pacientes e profissionais de saúde sobre NAEs associados a LOR para facilitar a detecção precoce e o manejo de NAEs, com o objetivo de melhorar o desempenho dos pacientes com CPCNP e sua qualidade de vida”, concluem.
Referência: Neurocognitive adverse events related to lorlatinib in nonsmall cell lung cancer: A systematic review and metaanalysis. J.N. Priantti1, F. Cezar A Moraes2, T.M. Madeira3, E. Moisés de Lima Santiago4, M. Silveira Vilbert5 – 1 Department of Internal Medicine, Universidade Federal do Amazonas - Faculdade de Medicina, Manaus, Brazil; 2 Department of Internal Medicine, UFPA – Universidade Federal do Pará, Belém, Brazil; 3 Department of Internal Medicine, UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brazil; 4 Department of Internal Medicine, HU/EBSERH/UFMS, Campo Grande, Brazil; 5 Department of Clinical Oncology, UHN - University Health Network - Princess Margaret Cancer Center, Toronto, ON, Canada