O oncologista Paulo Hoff (foto), Presidente da Oncologia D`Or, é o autor sênior de estudo apresentado no ESMO 2023, que avaliou o impacto do Sequenciamento de Próxima Geração em uma coorte de pacientes com câncer de pâncreas avançado. Os achados reforçam a necessidade de novas terapias para melhorar os resultados dos pacientes.
O uso de avaliação somática de Sequenciamento de Próxima Geração (NGS) tem crescido na oncologia, com o objetivo de identificar alterações moleculares potencialmente acionáveis para tumores avançados que progrediram após terapias padrão.
Neste estudo, Hoff e colegas buscaram avaliar o impacto das avaliações somáticas de NGS (do inglês Next Generation Sequencing) para pacientes com câncer pancreático avançado. Foram avaliados pacientes com câncer de pâncreas avançado (metastático ou localmente avançado irressecável) tratados em rede privada de oncologia de 2014 a 2021.Os prontuários eletrônicos foram revisados para coleta de dados. Os desfechos do estudo foram os padrões de alterações somáticas, a frequência de alterações potencialmente alvo e o uso de terapias-alvo orientadas pela avaliação somática de NGS.
Resultados
Entre 446 pacientes com câncer de pâncreas avançado, 51 foram submetidos à análise molecular de painel somático NGS; 44 deles tinham os resultados do painel disponíveis e foram avaliados neste estudo - todos cm pelo menos uma alteração somática.
A maioria dos pacientes (95%) apresentava mutações no KRAS; as mais comuns foram KRAS G12D (52%), KRAS G12V (17%), KRAS G12R (9%), KRAS G12A (7%) e KRAS Q61H (5%). Nenhum paciente teve mutação KRAS G12C que poderia ser alvo de agentes anti-KRAS G12C. Os autores descrevem que outras alterações moleculares frequentes foram encontradas nos seguintes genes: TP53 (52%), CDKN2A/B (41%), SMAD4 (18%), ARID1A (11%), PTEN (7%) e ATM (4%). Dois pacientes tinham mutação BRCA2 de linhagem germinativa conhecida. Nenhum paciente apresentou alta instabilidade de microssatélites ou alta carga mutacional tumoral. No geral, 11% apresentaram alterações potencialmente alvejáveis com terapias-alvo. Apenas um paciente (2%) recebeu tratamento orientado pelo resultado do painel somático, com mediana de sobrevida livre de progressão de 1,6 meses.
“Infelizmente, o painel somático NGS parece ter papel limitado para o câncer pancreático e poucos pacientes receberam tratamento orientado pelo painel”, concluem os autores, destacando que novas terapias dirigida a KRAS, mas não em KRAS G12C, são urgentemente necessárias para melhorar os resultados dos pacientes..
Este estudo tem o apoio do Instituto D`Or de Pesquisa. e Ensino.