Onconews - Câncer de mama na pré-menopausa e qualidade de vida

Estudo que investigou a Qualidade de Vida (QV) a longo prazo e a saúde sexual de mulheres na pré-menopausa, em média 9,5 anos (variando de 5 a 15) após o diagnóstico de câncer de mama positivo para receptor hormonal (HR +) foi destaque em apresentação mini-oral no ESMO Breast Cancer 2023. Os dados são do Austrian Breast and Colorectal Cancer Group (ABCSG) com participação de 11 centros austríacos, e mostram que os efeitos do tratamento do câncer são persistentes após 10 anos do diagnóstico e na maioria das vezes pronunciados em mulheres que receberam quimioterapia adicional.

Entre abril de 2008 e janeiro de 2022, a ABCSG coletou relatos (PROs, do inglês patient reported outcomes) de um registro de mulheres na pré-menopausa com câncer de mama RH+ recebendo terapia endócrina com tamoxifeno e goserrelina por cinco anos (quimioterapia). Após seguimento mediano de 9 (IQR 8-11) anos, as pacientes relataram dados de qualidade de vida, saúde sexual e fertilidade. O PRO utilizou inquéritos validados, inclusive questionários de fertilidade (ORTC QLQ C30, QLQ-BR45, EORTC QLQ-SHQ22, SABIS, MENQOL) e todas as pontuações são apresentadas descritivamente. Diferenças entre pontuações de subgrupos e entre pontuações de registro e os valores da população de referência foram avaliadas usando MANOVA.

Resultados

 Ao todo, 469 mulheres com câncer de mama foram incluídas, com idade média de 46 anos no momento do diagnóstico e de 55 anos na época da avaliação PRO. 30% das mulheres receberam quimioterapia antes do início da terapia hormonal. Em comparação com a população geral, as mulheres com história de câncer de mama apresentaram pior pontuação (estatisticamente significativa) nas escalas funcionais, emocionais e sociais da EORTC C30, assim como apresentaram mais insônia, prisão de ventre e mais dificuldades financeiras. No entanto, curiosamente, mulheres com histórico de câncer de mama relataram melhor estado de saúde global do que a população em geral (média de 76,9 vs 71,2).

Os autores descrevem que mulheres que receberam quimioterapia anterior tiveram uma piora estatisticamente significativa na função cognitiva (média de 80,6 vs 85,8) e na escala social da EORTC (média de 73,6 vs 80,2), mais náuseas/vômitos, bem como mais problemas financeiros em comparação com as mulheres tratadas apenas com terapia endócrina. Análises sobre fertilidade estão em andamento.

Em conclusão, os efeitos colaterais a longo prazo da terapia do câncer de mama e seu impacto na qualidade de vida em mulheres na pré-menopausa são persistentes após 10 anos do diagnóstico e na maioria das vezes pronunciados em mulheres que receberam quimioterapia adicional.

Referência:

260MO - Long term patient reported outcomes in premenopausal women with the hormone receptor positive breast cancer from ABCSG 22 Registry. V. Bjelic-Radisic1 et al. Breast Unit, HELIOS University Wuppertal, Wuppertal, Germany