O mastologista Afonso Nazário (foto) apresentou na sessão de pôster do SABCS 2023 os resultados de estudo que buscou avaliar a segurança e tolerabilidade da terapia por ondas de choque no tratamento do linfedema de membros superiores secundário ao tratamento do câncer de mama.
“O linfedema é uma complicação muito comum do tratamento do câncer de mama. O método terapêutico de primeira linha para o linfedema é a Fisioterapia Complexa, e a Terapia por Ondas de Choque é uma opção atualmente investigada como um tratamento adjuvante e não invasivo para o linfedema”, afirmaram os autores.
O estudo quasi-experimental foi realizado com 17 mulheres submetidas à cirurgia de mama associada à linfadenectomia axilar ou biópsia de linfonodo sentinela e que apresentavam linfedema de membros superiores secundário ao tratamento de câncer de mama. Todos foram tratados com fisioterapia complexa antes do estudo.
Foram aplicadas quatro sessões de Terapia por Ondas de Choque, 4.000 choques a 0,06 mJ/mm2, 1 vez por semana durante 4 semanas consecutivas. As participantes foram avaliadas por meio de aplicação de questionários e exame físico e submetidas à terapia por ondas de choque no membro superior ipsilateral à cirurgia.
Resultados
Após a intervenção, nenhuma das participantes apresentou lesões cutâneas, bolhas, descamação ou hipertermia dos membros e 17,65% apresentaram vermelhidão na pele. A maioria das pacientes relatou não ter mudado sua vida social e que se sentiam mais seguras nas atividades diárias e muito satisfeitas com o tratamento. As pacientes apresentaram melhora na funcionalidade dos membros superiores após a intervenção em comparação com o baseline (p=0,02).
Não foi encontrada diferença no volume dos membros e na amplitude de movimento do ombro ao longo do tempo para todos os movimentos realizados após a intervenção e nos intervalos avaliados. Além disso, foram observadas melhorias em alguns domínios dos questionários de qualidade de vida.
“A Terapia por Ondas de Choque mostrou-se segura e tolerável em pacientes com linfedema, com melhora da funcionalidade e sem alteração significativa no volume do membro afetado”, concluíram os autores.
Além de Nazário, o estudo contou com a participação dos pesquisadores Patrícia Lima Ventura, Cinira Haddad, Gil Facina, Vanessa Sanvido, Amanda Estevão e Samantha Lopes de Almeida Rizzi, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Referência: PO3-12-02 - Safety and tolerance of the use of shock wave therapy in lymphedema secondary to the treatment of breast cancer