O brasileiro Giuliano Borges (foto) é um dos coautores do ensaio global TROPION-Breast01 (NCT05104866), destacado em General Session no SABCS 2023. Os resultados demonstram benefício clínico e estatisticamente significativo de sobrevida livre de progressão com datopotamab deruxtecan (Dato-DXd) em comparação com quimioterapia no câncer de mama receptor hormonal positivo HER2 negativo (HR+/HER2-), em todos os subgrupos avaliados, com perfil de segurança favorável.
Este estudo de fase 3 avaliou o conjugado anticorpo-medicamento Dato-DXd versus quimioterapia de escolha do investigador (ICC) em pacientes com câncer de mama HR +/ HER2 ‒, com doença irressecável ou metastática.
Nesta análise, foram inscritas pacientes adultas (≥18 anos) com câncer de mama HR + / HER2‒, com doença irressecável ou metastática, que progrediram à terapia endócrina (TE) ou não eram aptas a receber TE, previamente tratadas com até 2 linhas anteriores de quimioterapia sistêmica. As pacientes elegíveis foram randomizadas 1:1 para Dato-DXd (6 mg/kg Q3W) ou ICC (eribulina, vinorelbina, capecitabina ou gencitabina), até progressão ou toxicidade inaceitável. Os endpoints primários foram sobrevida livre de progressão (SLP) por revisão central independente e cega (BICR) de acordo com RECIST 1.1 e sobrevida global (SG).
No total, 732 pacientes foram randomizados para os braços Dato-DXd (n= 365) e ICC (n=367). No corte dos dados (17 de julho de 2023), 93/39 pacientes nos grupos Dato-DXd/ICC estavam em tratamento contínuo.
Os resultados apresentados no SABCS 2023 mostram que pacientes que receberam Dato-DXd tiveram melhor SLP vs ICC (HR 0,63 [IC 95% 0,52-0,76]; p<0,0001), com benefício clínico e estatisticamente significativo. As razões de risco para SLP favoreceram Dato-DXd sobre ICC em todos os subgrupos de pacientes pré-especificados, incluindo aqueles expostos a linhas anteriores de quimioterapia no cenário metastático (1 vs 2), ao tratamento prévio com inibidor de CDK4/6 (≤12 meses vs >12 meses), uso prévio de terapia endócrina no cenário metastático (<6 meses vs ≥6 meses) e metástases cerebrais (sim vs não). Os dados de sobrevida global não estavam maduros.
No braço Dato-DXd vs ICC, 192 (53%) vs 247 (67%) pacientes receberam uma terapia subsequente após a descontinuação do tratamento do estudo, incluindo 15 (4%) vs 52 (14%) que receberam terapia com conjugado anticorpo medicamento subsequente e 165 (45%) vs 186 (51%) que receberam quimioterapia subsequente. O tempo mediano até a primeira terapêutica subsequente foi de 8,2 meses no braço Dato-DXd versus 5,0 meses no braço ICC (HR 0,53 [IC 95% 0,45–0,64).
Em relação à segurança, eventos adversos ≥3 relacionados ao tratamento (TRAEs) com Dato-DXd foram menos da metade daqueles com ICC. Os endpoints secundários de resultados relatados pelos pacientes mostraram que o tempo para deterioração da condição física, dor e estado de saúde global/qualidade de vida favoreceram o braço Dato-DXd comparado com o ICC.
Em conclusão, TROPION-Breast01 atingiu seu objetivo primário duplo de SLP, demonstrando melhora clínica e estatisticamente significativa na SLP com Dato-DXd em comparação com ICC em todos os subgrupos. No geral, o perfil de segurança e a qualidade de vida com Dato-DXd foram favoráveis em comparação com ICC. Esses dados apoiam Dato-DXd como potencial opção terapêutica para pacientes com câncer de mama HR+/HER2‒ com doença irressecável ou metastática que receberam 1‒2 linhas anteriores de quimioterapia.
Referência: GS02-01 Randomized phase 3 study of datopotamab deruxtecan vs chemotherapy for patients with previously-treated inoperable or metastatic hormone receptor-positive, HER2- negative breast cancer: Results from TROPION-Breast01