A oncologista brasileira Maysa Vilbert (foto) é primeira autora de estudo que buscou identificar os pacientes com carcinoma espinocelular de esôfago avançado que poderiam derivar maior benefício do tratamento de primeira linha com a combinação de inibidores de checkpoint imune (anti-PD1/PD-L1) e quimioterapia. Os resultados foram selecionados para apresentação em pôster no ASCO GI 2024.
“Pacientes com carcinoma espinocelular de esôfago (ESCC) avançado e metastático têm opções de tratamento limitadas e mau prognóstico. Recentemente, vários estudos demonstraram o benefício clínico da combinação de inibidores de checkpoint imunológico (ICI) e quimioterapia (QT), levando à sua aprovação como tratamento de primeira linha. Desde então, esforços têm sido feitos para identificar os pacientes que podem ou não se beneficiar dessa combinação”, afirmaram os autores.
No estudo, os autores buscaram no PubMed, Scopus e Cochrane Library por ensaios clínicos randomizados que investigassem inibidores de checkpoint imunológico mais quimioterapia na primeira linha para pacientes com ESCC avançado ou metastático. Os resultados incluíram sobrevida global (SG), sobrevida livre de progressão (SLP), taxa de resposta objetiva (ORR) e SG de acordo com sexo, expressão de PD-L1 (<1% / ≥1%) e PD-L1 CPS (<10 / ≥10).
Resultados
Foram incluídos oito estudos com 4.702 pacientes. Destes, a maioria era ECOG 0 ou 1, tinha menos de 65 anos (62%), era do sexo masculino (77%) e asiático (78%). Doença metastática foi diagnosticada em 75% dos pacientes. O tratamento com inibidores de checkpoint e quimioterapia foi administrado a 58% e 43% receberam quimioterapia +/- placebo. O acompanhamento médio variou de 7,1 a 22,6 meses.
ICI mais QT melhorou significativamente todos os resultados de eficácia em comparação com quimioterapia isolada: diminuição do risco de morte em 32% (HR para SG: 0,68; 95% CI 0,63-0,74; p<0,00001); redução do risco de progressão ou morte em 38% (HR para SLP: 0,62; 95% CI 0,58-0,67; p<0,00001); e aumento da taxa de resposta objetiva (diferença de risco: 0,17; 95% CI 0,14-0,20; p<0,00001).
O benefício de sobrevida foi observado em todas as análises de subgrupos, mas foi significativamente maior em pacientes com PD-L1 ≥1% em comparação com aqueles com PD-L1 <1% (redução no risco de morte de 38% versus 23%, respectivamente, p. =0,03). A SG não foi significativamente diferente entre homens e mulheres, ou PD-L1 CPS ≥ 10 versus CPS < 10.
“Essa grande revisão sistemática e meta-análise apoia a eficácia e o benefício em sobrevida da combinação de inibidores de checkpoint mais quimioterapia como terapia de primeira linha para todos os pacientes com carcinoma espinocelular de esôfago, independentemente do sexo ou da expressão de PD-L1”, concluíram os autores.
Referência: Updated pooled analyses of first-line anti-PD1/PD-L1 inhibitors plus chemotherapy in advanced esophageal squamous cell carcinoma. Citation J Clin Oncol 42, 2024 (suppl 3; abstr 366). DOI 10.1200/JCO.2024.42.3_suppl.366