Onconews - Dieta, microbioma e resultados clínicos em pacientes com CPCNP

dieta mediterraneaEstudo selecionado para apresentação em pôster no ELCC 2024 demonstrou a importância da dieta para reforçar o papel do microbioma intestinal como um alvo terapêutico e melhorar a resposta aos inibidores de checkpoint imune em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas.

Os inibidores de checkpoint imune (ICIs) melhoraram os resultados de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP). O microbioma intestinal emergiu como um biomarcador de resposta ao ICIs no CPCNP e um potencial alvo terapêutico. Dietas ricas em fibras e dietas mediterrâneas foram associadas a resposta prolongada em pacientes com melanoma tratados com ICI. Nesse estudo, os pesquisadores buscaram avaliar o efeito da dieta no resultado e na composição do microbioma.

A coleta prospectiva de dados clínicos e de dieta foi avaliada em 102 pacientes com CPNPC passíveis de inibidores de checkpoint. Foi empregado um questionário padronizado de frequência alimentar (QFA) específico para a população com CPNPC elaborado por um nutricionista clínico.

As respostas ao questionário foram registradas eletronicamente e analisadas usando uma ferramenta de cálculo para estimar a mediana diária de fibras (g/dia) e marcadores substitutos da dieta mediterrânea; ingestão de ácidos graxos monoinsaturados (MUFA) e ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) (g/1000kcal). Em seguida, os dados foram correlacionados com a sobrevida livre de progressão (SLP) e a sobrevida global (SG).

O microbioma foi perfilado em um subgrupo de 76 pacientes usando metagenômica shot-gun, o pipeline MetaPhlan4 foi usado para detectar espécies, e foram calculados o índice de diversidade e LefSe.

Resultados

Entre os 102 pacientes com CPNPC, a ingestão média de fibras foi de 16 g/dia e não se correlacionou com o desfecho. No entanto, a correlação de Spearman mostrou uma associação significativa entre aumento da ingestão de ácidos graxos poliinsaturados ou monoinsaturados e maior sobrevida global (p<0,001 e p<0,001).

Além disso, a ingestão dietética de ácidos graxos monoinsaturados se correlacionou com uma SLP prolongada (mediana de SLP de alta ingestão de MUFA: 20,0 meses versus baixa ingestão de MUFA: 9,1 meses, p = 0,02). A ingestão de MUFA e PUFA se correlacionou com o aumento da abundância de Eubacterium, Alistipes e Bifidobacterium.

“Nesta coorte, os pacientes apesentaram uma dieta muito pobre em fibras. No entanto, uma ingestão elevada de ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados foi associada a uma resposta benéfica e a uma representação excessiva de bactérias imunogênicas benéficas conhecidas”, observaram os autores. “Estes resultados levantam a possibilidade de que o aconselhamento de recomendações dietéticas baseadas em evidências, utilizando ferramentas educacionais, pode representar uma estratégia importante para empregar o microbioma intestinal como um potencial alvo terapêutico para melhorar a resposta à ICI”, concluíram.

Referência: 73P - Correlation between diet, microbiome composition and clinical outcomes in patients with non-small cell lung cancer (ID 95)
Speakers Julie Malo (Montreal, QC, Canada)