Onconews - Pembrolizumab em câncer de cabeça e pescoço – KEYNOTE 012

cancer_cabeca_pescoco.jpgUm estudo com 132 pacientes indica que a imunoterapia com pembrolizumab é eficaz no câncer de cabeça e pescoço recorrente ou metastático. As descobertas podem preencher uma grande necessidade não atendida de melhores tratamentos para a doença (LBA6008).

"Este é mais um exemplo emocionante onde o anti- PD-1 pode funcionar melhor e de forma mais confiável do que as drogas existentes, e com menos efeitos colaterais. A diversidade de doentes que responderam é maior do que em qualquer ensaio clínico anterior, mas ainda precisamos de estudos mais amplos e de mais tempo de acompanhamento para avaliar o impacto deste tratamento na sobrevida dos pacientes", afirmou Gregory A. Masters, da Thomas Jefferson University Medical School.
 
No geral, 57% dos doentes experimentaram uma diminuição do tumor, e 24,8% tiveram um decréscimo acentuado no tamanho do tumor (resposta parcial ou completa). Pembrolizumab foi ativo em uma ampla variedade de pacientes, incluindo subgrupos com status HPV-positivo.
 
O KEYNOTE 012 já havia demonstrado a atividade clínica do pembrolizumab no carcinoma de cabeça e pescoço de células escamosas recorrente ou metastático para tumores PD-L1-positivos com uma taxa de resposta de 20%, administrado a cada duas semanas. Agora, um relatório do KEYNOTE 012 sobre uma coorte maior considera o pembrolizumab independentemente do status do biomarcador, utilizando uma dose fixa a cada três semanas.
 
"A eficácia observada foi notável. Pembrolizumab parece ser duas vezes mais eficaz que a terapia-alvo cetuximab. Ao contrário dos inibidores de EGFR, que sugerem potencialmente menos eficácia em tumores HPV-positivos, o pembrolizumab mostrou níveis semelhantes de atividade em ambos os tumores", disse o principal autor do estudo, Tanguy Seiwert, da Universidade de Chicago. "Estamos confiantes de que a imunoterapia vai mudar a nossa forma de tratar esse tipo de câncer”, acrescentou.
 
O câncer de cabeça e pescoço é o sexto câncer mais comum nos Estados Unidos e no mundo. No cenário recorrente ou metastático, a doença é incurável e de mau prognóstico, com mediana de sobrevida global de aproximadamente 10-12 meses.
 
O tratamento inicial padrão envolve quimioterapia à base de platina com ou sem cetuximab, a única terapia-alvo aprovada para o tratamento. Opções de segunda linha incluem metotrexato, docetaxel e cetuximab. Apenas 10%-13% dos pacientes respondem a um único agente, cetuximab, e dados recentes sugerem que sua eficácia em tumores HPV-positivo pode ser diferente da eficácia em tumores HPV-negativo. Embora a quimioterapia possa ser eficaz, também causa efeitos colaterais significativos. 

Métodos e resultados 

No estudo, 132 pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço recorrente ou metastático receberam uma dose fixa de pembrolizumab de 200 mg administrada como uma infusão a cada três semanas. Desses pacientes, 59% tinham recebido duas ou mais linhas de terapia anteriores. Os pacientes não foram selecionados para este estudo com base no status PD-L1.
 
O desfecho primário foi a taxa de resposta global (TRG) por avaliação do investigador (RECIST 1.1). Os  desfechos secundários foram a sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG). Os eventos adversos foram avaliados de acordo com a CTCAE v4. PD-L1 foi avaliado retrospectivamente pela imuno-histoquímica.
 
132 pacientes com carcinoma de cabeça e pescoço de células escamosas recorrente ou metastático foram inscritos. A média de idade foi de 58,9 anos; 83,3% eram do sexo masculino; 56,8% receberam ≥ 2 linhas de terapia para doença recorrente. 73 de 132 pacientes (55,3%) permanecem em tratamento.
 
A maioria (57%) dos doentes experimentou uma diminuição no tamanho do tumor. A taxa de resposta global objetiva foi de 24,8% (26,3% em pacientes HPV-negativo e 20,6% em pacientes HPV-positivo).
 
"É importante notar que a taxa de resposta pode subestimar a taxa de benefício em pacientes, e é preciso avaliar a sobrevida. Em outras doenças em que a experiência com a imunoterapia é maior, os pacientes que têm a estabilização da doença ou até mesmo experimentam inicialmente progressão da doença após receber imunoterapia, em última análise, podem ganhar um benefício significativo que se traduz em maior sobrevida", declarou Seiwert.
 
Pembrolizumab foi bem tolerado, e efeitos secundários graves ocorreram em menos de 10% dos pacientes. Os efeitos colaterais mais comuns foram fadiga, erupções cutâneas e prurido; os efeitos secundários mais graves relacionados com o sistema imunológico, tais como a inflamação dos pulmões (pneumonite) e do cólon (colite) foram observados em um pequeno número de pacientes.
 
Dois estudos de fase III em andamento estão comparando pembrolizumab com o tratamento padrão em pacientes com câncer de cabeça e pescoço recorrente ou metastático.
 
O estudo foi financiado pela Merck Sharp &Dohme Corp.
 
Referência: Antitumor activity and safety of pembrolizumab in patients (pts) with advanced squamous cell carcinoma of the head and neck (SCCHN): Preliminary results from KEYNOTE-012 expansion cohort. (LBA6008 - J Clin Oncol 33, 2015)
Informação do estudo clínico:NCT01848834