O uro-oncologista brasileiro Stênio de Cássio Zequi (foto), um dos coordenadores do Latin American Renal Cancer Group (LARCG), espera consolidar em setembro deste ano as primeiras análises do maior grupo colaborativo da região. O estudo já recebeu a participação de 26 instituições, de sete países e analisa dados de 4.505 pacientes. “É uma das maiores casuísticas mundiais de câncer de rim, de uma população latino-americana que apresenta uma composição etnica distinta e que merece ser melhor compreendida”, diz Stênio.
Os resultados preliminares foram apresentados no Uruguai, em novembro de 2014, e mostraram particularidades regionais. “Mostramos que as taxas de invasão de veia cava, de invasão linfonodal, adrenal, invasão de veia renal, de padrão sarcomatoide são similares às das publicações mundiais, mas temos menos tumores metastáticos que os norte americanos; vimos quantos pacientes estão em observação vigilante, que é mais feita na Argentina e no Brasil e não é feita no México e no Chile”, compara.
“Nós usamos nossos expertises, juntamos nossas planilhas e fizemos um banco bastante amplo com o perfil demográfico, clínico, patológico e epidemiológico do paciente com câncer de rim. Isso permite uma fotografia de como o paciente chega às instituições terciárias”, explica o especialista. “Os grupos colaborativos e multicêntricos internacionais em oncologia são responsáveis pelos grandes progressos hoje e queremos demonstrar que isso também é possível na América Latina”.Criado em 2013, o LARCG tem a proposta de ampliar o volume de informações sobre o panorama epidemiológico do câncer de rim na América Latina, compondo o maior banco de dados já realizado na região, que poderá ser usado de forma cooperativa.
O câncer de rim está entre os dez tipos de câncer sólidos mais comuns nos EUA. Este ano, 60 mil novos casos devem ser diagnosticados na população americana, e devem ocorrer 13 mil mortes. “Na Europa são previstos 88.400 novos casos novos por ano, e os números chegam a 200 mil no mundo todo, com cerca de 100 mil mortes ao ano”, afirma Stênio. No Brasil, segundo dados do Globocan 2008, a taxa de mortalidade pela doença é de 54%. A Sociedade Brasileira de Urologia aponta ainda que cerca de 40% dos diagnósticos são feitos quando o tumor está em fase avançada (veja vídeo).