O Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG) iniciou uma campanha de conscientização sobre a importância do exame papanicolao para prevenção do câncer de colo de útero. A campanha conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), do Instituto Oncoguia e do portal Onconews.
“Temos grandes campanhas para prevenção secundária do câncer de mama com rastreamento, e muitas vezes deixamos em segundo plano o câncer de colo de útero, tão importante para o contexto da mulher brasileira”, afirma a oncologista Angélica Nogueira, presidente do EVA.
A doença tem como fator principal de risco a infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV), especialmente os HPVs 16 e 18. A infecção, quando detectada em estágios iniciais, pode ser tratada, evitando que o processo evolua para o câncer. “O preventivo de papanicolao detecta a neoplasia in situ e permite o tratamento da neoplasia intracelular (NIC), que é o estágio inicial, antes do câncer se estabelecer. É uma doença verdadeiramente evitável, e muitos países já conseguiram praticamente eliminar a doença com o exame e a vacina indicada para meninas de 9 a 13 anos”, explica Angélica.
No Brasil, a realidade é outra. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a incidência da doença é de aproximadamente 15 mil casos por ano, sendo o terceiro câncer mais comum na mulher. Esse índice é distribuído de maneira desigual pelas regiões do país. Enquanto nos estados da região norte e em alguns estados do nordeste do Brasil o câncer de colo de útero segue sendo a causa mais frequente de câncer na mulher, no Rio Grande do Sul a doença representa a quinta causa de câncer feminino. “Essa diferença regional se deve ao acesso à prevenção, à qualidade do exame e à cultura de se fazer o exame preventivo, que é muito maior nas cidades do que na zona rural e nos estados mais desenvolvidos, com maior renda per capita”, esclarece Angélica.
O papanicolao deve ser realizado por mulheres entre 25 a 64 anos que já tiveram atividade sexual. O exame deve ser repetido a cada três anos, após três exames normais consecutivos, realizados com um intervalo de um ano. O câncer do colo de útero tem carcinogênese lenta. As mulheres que podem vir a apresentar a doença nos próximos 10, 15 anos, muito provavelmente já estão infectadas com o vírus, e são as mulheres que não se beneficiam da vacina atual”, ressalta.