Da bancada de pesquisa ao leito do paciente. A translação do conhecimento foi a proposta da II Bienal Internacional de Oncologia, promovida pelo A.C. Camargo Cancer Center, que trouxe temas como o papel dos marcadores tumorais, as novas terapias personalizadas, o crescente papel das cirurgias minimamente invasivas, entre outros avanços no tratamento do câncer.Em foco, os tumores ginecológicos, colorretais e gástricos, melanoma, sarcomas de partes moles e câncer de mama e pulmão.
O evento aconteceu entre os dias 6 e 8 de novembro e contou com palestrantes internacionais de centros de referência no tratamento da doença como MD Anderson Cancer Center, St. Luke's Hospital, além de profissionais do Instituto Nacional de Câncer (INCA), Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Santa Casa de São Paulo, Hospital de Câncer de Barretos, Hospital Beneficência Portuguesa e Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), além do próprio A.C. Camargo Cancer Center.
“O foco foi a atualização do tratamento, com informações de cunho muito prático, que podem ser aplicadas no dia a dia do médico que cuida do paciente com câncer - cirurgiões, radioterapeutas, oncologistas clínicos e profissionais envolvidos com o diagnóstico”, afirmou Marcello Fanelli, diretor do departamento de Oncologia Clínica da Instituição e coordenador do evento.
O módulo de tumores ginecológicos abordou as síndromes hereditárias, e discutiu a indicação de quimioterapia neodjuvante versus cirurgia primária para câncer de ovário. “Procuramos atualizar o cirurgião quanto às novas propostas de abordagem cirúrgica dos tumores, como as cirurgias minimamente invasivas, os linfonodos sentinela e as técnicas de preservação”, disse Fanelli.
Um dos destaques da programação foi o painel de pulmão, que contou com a participação do brasileiro William Nassib William Júnior, do MD Anderson Cancer Center, abordando o papel dos inibidores de TK do genes EGFR mutados no carcinoma de pulmão de não pequenas células (CPNPC) e a evolução do conceito de terapia personalizada para este tumor. Outro profissional do MD Anderson Cancer Center, Christopher Garrett, abordou as novas drogas no tratamento do câncer colorretal metastático, incluindo os inibidores de EGFR, além da utilização prática das assinaturas genéticas no câncer colorretal.
Em melanoma, o foco foi o tratamento sistêmico da doença metastática e o papel da imunoterapia, uma das principais apostas da oncologia. “Foram abordadas novidades em medicamentos com os quais ainda temos pouco contato, mas que rapidamente vão ganhar espaço na prática oncológica. Muitas dessas drogas ainda estão aguardando processos regulatórios da Anvisa, mas buscamos oferecer aos médicos participantes informações para poder usufruir dos benefícios quando as drogas estiverem disponíveis”, explicou o coordenador do evento, que ressaltou que a imunoterapia não é exclusividade do melanoma. “São medicamentos envolvidos também no tratamento dos cânceres de pulmão, tumores colorretais e de mama, onde o envolvimento do sistema imunológico é bastante ativo”, finalizou.