A American Association for Cancer Research (AACR) publicou a 11ª edição do Cancer Progress Report, destacando os 50 anos da Lei Nacional do Câncer, sancionada em 1971. “Essa legislação lançou as bases para uma comunidade robusta e inovadora de pesquisa do câncer que contribuiu por décadas para os avanços na oncologia”, afirma o documento.
Além de trazer os avanços na pesquisa básica, translacional e clínica do câncer, o relatório apresenta perfis de pacientes que se beneficiaram de terapêuticas anticâncer aprovadas recentemente; inclui as informações mais recentes sobre a prevenção do câncer, detecção e disparidades em saúde; e descreve recomendações de políticas públicas para garantir a continuidade dos avanços na pesquisa e no tratamento da doença.
“O Relatório detalha o notável progresso feito no ano passado e fornece uma avaliação clara de onde melhorias são necessárias para ajudar a reduzir significativamente a carga do câncer”, disse David A. Tuveson, Presidente da AACR. “Nossas perspectivas de fazer avanços substanciais para pacientes com câncer por meio de pesquisas nunca foram maiores do que são hoje”, acrescentou.
50 anos de progresso
Entre os avanços proporcionados pela Lei Nacional do Câncer, sancionada pelo presidente Richard Nixon em 23 de dezembro de 1971, o relatório destaca a queda da taxa geral de mortalidade por câncer ajustada à idade nos Estados Unidos, que diminuiu 31% entre 1991 a 2018, uma redução que se traduz em 3,2 milhões de vidas salvas. “Essa redução inclui um declínio recorde de 2,4% entre 2017 e 2018, a maior redução já vista em um único ano”, observam os autores.
O documento também cita os esforços bem-sucedidos para reduzir as taxas de tabagismo entre os norte-americanos, que contribuíram para um declínio de 41% nas mortes relacionadas ao câncer de pulmão entre 1991 e 2018; e o surgimento de terapias-alvo e imunoterapias, que aumentaram substancialmente as taxas de sobrevida em cinco anos para pacientes com tumores anteriormente intratáveis, como câncer de pulmão e melanoma metastático.
Especificamente sobre os progressos realizados durante os 12 meses cobertos pelo relatório (1º de agosto de 2020 a 31 de julho de 2021), são destacados a aprovação pela U.S. Food and Drug Administration (FDA) de diversos tratamentos contra o câncer, ferramentas de diagnóstico e outras tecnologias que beneficiam pacientes oncológicos. “No último ano foram aprovadas 16 novas terapêuticas anticâncer, com 11 tratamentos previamente aprovados com indicações estendidas para o tratamento de novos tipos de câncer; 3 novos agentes de diagnóstico por imagem; 2 novos dispositivos de orientação cirúrgica; 2 novos testes diagnósticos complementares de biópsia líquida de sequenciamento de última geração; e 1 novo dispositivo de endoscopia baseado em inteligência artificial”, aponta o documento.
Os avanços recentes na medicina de precisão incluem sotorasib (Lumakras), o primeiro terapêutico aprovado pela FDA a atingir com sucesso o KRAS; a primeira aprovação de um conjugado anticorpo-droga, trastuzumabe deruxtecana (Enhertu), para o tratamento de pacientes com câncer gástrico HER2-positivo; e o relugolix (Orgovyx), a primeira terapia hormonal oral aprovada para o tratamento de pacientes com câncer de próstata avançado.
O relatório inclui avanços contínuos em imunoterapia, com a aprovação pela FDA de idecabtagene vicleucel (Abecma), a primeira terapia de células CAR T aprovada para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo; dostarlimab-gxly (Jemperli), um novo inibidor de checkpoint para tratar pacientes com câncer endometrial que têm certos biomarcadores em seus tumores; e o inibidor de checkpoint nivolumab (Opdivo) em combinação com ipilimumab (Yervoy) para o tratamento de pacientes com mesotelioma - o primeiro novo tratamento de primeira linha para esta doença em 16 anos.
Além disso, destaca a atualização das diretrizes da United States Preventive Service Task Force (USPSTF) para o rastreamento do câncer de pulmão e colorretal, reduzindo a idade de início do rastreamento para ambos os tipos de câncer, o que pode levar ao aumento da detecção precoce e melhorar os resultados do tratamento para esses tipos de câncer.