Onconews - AACR e LACOG: esforços na pesquisa translacional

AACR_Translational_Cancer_Medicine_LACOG_NET_OK.jpgA American Association for Cancer Research (AARC) e o LACOG, o Grupo Latinoamericano de Pesquisa em Oncologia, mostraram na prática a importância de somar esforços e fortalecer a pesquisa para avançar na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer. Em uma conferência realizada em São Paulo de 4 a 6 de maio, com mais de 350 participantes e aproximadamente 170 abstracts apresentados, instituições de ensino e pesquisa de toda a América Latina deram exemplos inspiradores para tecer caminhos e diminuir a distância entre a pesquisa básica e a pesquisa translacional.

Dezenove experts internacionais e renomados pesquisadores nacionais apresentaram uma visão geral do estado da arte da pesquisa translacional em câncer explorando as recentes descobertas em terapias-alvo e mecanismos de resistência, imunologia e imunoterapia em câncer, modelos pré-clínicos, heterogeneidade e microambiente tumoral, desenvolvimento de drogas e os cânceres mais comuns na região.
 
“O programa inovador foi desenvolvido para atender a demanda de um grande espectro de pesquisadores em câncer – de pesquisadores de ciência básica e translacional até pesquisadores clínicos e oncologistas”, afirma o oncologista Gustavo Werutsky, Chair do LACOG.
 
“Para a realidade brasileira, que contribui com apenas 1% da pesquisa clínica mundial em oncologia, eventos como este são uma oportunidade excepcional para aprendizado, interação e colaboração para o desenvolvimento da pesquisa translacional e clínica na intenção de buscar uma posição mais condizente com o impacto epidemiológico da doença no Brasil e América Latina”, acrescentou.
 
E foi com a intenção de motivar pesquisadores e clínicos que o programa científico da AACR/LACOG dedicou uma sessão para debater os avanços da genômica e as oportunidades para a pesquisa translacional. Afinal, na era do chamado Next Generation Sequencing, o sequenciamento genômico da próxima geração, a compreensão do perfil molecular e do comportamento biológico dos tumores ganha cada vez mais importância, com impacto diagnóstico, prognóstico e terapêutico.
 
Para ilustrar o novo momento da oncologia, o programa científico também abrigou outro tema pulsante: a imuno-oncologia na era dos modernos inibidores de checkpoint imune. O assunto foi tema da Sessão Plenária na abertura da Conferência AACR/LACOG. Embora dados clínicos e pré-clínicos alimentem o otimismo com os atuais inibidores de PD-1/PD-L1, evidências também sustentam a importância de melhorar a seleção de pacientes. É nessa direção que inúmeras linhas de pesquisa estudam biomarcadores que possam predizer resposta e refinar estratégias de seleção.
 
Em outra vertente de inovação, a biópsia líquida e seu papel na medicina de precisão também estiveram entre os destaques do programa científico, assim como temas de epigenética e expressão gênica. Anamaria Camargo, diretora associada do Ludwig Institute for Cancer Research e coordenadora do Centro de Oncologia Molecular do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e Roger Chammas, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenador do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), integraram o programa.
 
O brasileiro Felipe Geyer, agora no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, foi chair da Sessão Plenária que enfocou a heterogeneidade tumoral. Em outra expressiva participação brasileira, o oncologista Carlos Barrios, diretor executivo do LACOG, comandou a plenária que discutiu no sábado os tumores hormônio dependentes e receptores de esteroides.
 
“Como incentivo à formação de futuros líderes da pesquisa em câncer, oito abstracts receberam méritos e seus autores premiados com o convite para atender a próxima conferência”, concluiu Werutsky.