O papel dos conjugados anticorpo-droga (ADC) no tratamento do câncer tem evoluído rapidamente, com 14 ADCs aprovados e mais de100 em desenvolvimento. À medida que o número de ADCs aumenta, cresce a necessidade de biomarcadores para otimizar os algoritmos de tratamento e a seleção dos pacientes, como descreve revisão de Solange Peters (foto) e colegas, publicada no Annals of Oncology, que destaca o caráter cooperativo da ETOP IBCSG Partners Foundation para acelerar o progresso e melhorar os resultados dos pacientes.
O ADC trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) é aprovado no câncer de pulmão de células não pequenas, irressecável ou metastático, com mutação do receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2 (HER2). ADCs direcionados ao HER3 (patritumab deruxtecan), ao antígeno de superfície celular trofoblástica 2 (datopotamab deruxtecan e ao fator de transição mesenquimal-epitelial (telisotuzumab vedotin) estão em estágio avançado de desenvolvimento clínico.
Nesta revisão, Peters et al. lembram que vários agentes já foram aprovados e amplamente utilizados no câncer de mama, incluindo trastuzumabe emtansina e trastuzumabe deruxtecana. “Assim, nos próximos anos, provavelmente assistiremos a mudanças significativas nos algoritmos de tratamento”, sinalizam.
Nesse cenário de mudanças, com avanços importantes nas estratégias terapêuticas, os autores reafirmam que esforços para otimizar a duração do tratamento com ADCs, o sequenciamento e o potencial de reintrodução dos ADCs são essenciais. “À medida que o número de ADCs disponíveis aumenta, cresce a necessidade de biomarcadores (de resposta e resistência) para melhor selecionar os pacientes. A coleta de amostras de biópsia no momento da seleção do tratamento e a incorporação da pesquisa translacional nos desenhos dos ensaios clínicos são, portanto, críticas”, sublinham.
A revisão esclarece que amostras de biópsia coletadas peri e pós-tratamento com ADCs combinadas com telas genômicas funcionais poderiam fornecer insights sobre mecanismos de resposta/resistência, bem como o impacto dos ADCs na biologia tumoral e no microambiente tumoral. Não é difícil prever o potencial dessa contribuição: melhorar a compreensão dos mecanismos subjacentes a essas moléculas complexas, analisam Peters e colegas, que reuniram duas iniciativas fundamentais: a European Thoracic Oncology Platform e o International Breast Cancer Study Group para criar a ETOP IBCSG Partners Foundation.
“A ETOP IBCSG Partners Foundation está impulsionando fortes colaborações neste campo e promovendo a geração/compartilhamento de bancos de dados, repositórios e registros para permitir maior acesso aos dados. Isto permitirá que as questões de investigação mais importantes sejam identificadas e priorizadas, o que acabará por acelerar o progresso e ajudar a melhorar os resultados dos pacientes”, projetam.
Referência: Published: April 20, 2024. DOI:https://doi.org/10.1016/j.annonc.2024.04.002