A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira, 30 de janeiro, o anti-CD38 daratumumabe (Dalinvi®) para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo. A aprovação foi baseada nos resultados do estudo CASTOR (MMY3004), que em um acompanhamento mediano de 13 meses mostrou melhora significativa na sobrevida livre de progressão da doença (SLP), endpoint primário do estudo, com uma redução de 67% no risco de progressão ou morte, em comparação com o tratamento padrão.
O daratumumabe foi aprovado para duas indicações terapêuticas: em combinação com bortezomibe e dexametasona, para pacientes que receberam pelo menos um tratamento prévio; e em monoterapia, para pacientes com mieloma múltiplo que receberam pelo menos três linhas de tratamento prévio, incluindo um inibidor de proteassoma (IP) e um agente imunomodulador, ou que foram duplamente refratários a um IP e um agente imunomodulador.
"Daratumumabe teve resultados impressionantes, que ressaltam o seu benefício clínico potencial como opção de tratamento em combinação com outras drogas sem interferir nos benefícios de cada uma delas ou atuando isoladamente”, afirma Jairo Sobrinho, hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
O estudo
O estudo de fase 3 MMY3004, aberto, randomizado, multicêntrico, envolveu cerca de 490 pacientes com mieloma múltiplo que receberam ao menos uma terapia prévia. Um total de 66% dos pacientes recebeu tratamento prévio com bortezomibe; 76% receberam tratamento prévio com um agente imunomodulador (IMID); e 48% receberam tratamento prévio com um inibidor de proteassoma (IP) e agente imunomodulador (IMID). Dos pacientes, 33% eram refratários a um agente imunomodulador, e 32% eram refratários a sua última linha de terapia anterior. Um total de 498 pacientes foram randomizados para receber daratumumabe combinado com bortezomibe e dexametasona [n = 251] ou bortezomibe e dexametasona [n = 247]. Os participantes foram tratados até a ocorrência de progressão da doença, toxicidade inaceitável ou retirada do consentimento do estudo.
Em um acompanhamento mediano de 13 meses, daratumumabe melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão da doença (PFS), objetivo primário do estudo, mostrando uma redução de 67% no risco de progressão ou morte, em comparação com o tratamento padrão.
Além disso, daratumumabe significativamente aumentou as taxas de resposta globais (ORR) [84% versus 63%, p <0,0001] e duplicou as taxas de resposta parcial muito boas (VGPR) [61% versus 29%] e as taxas de resposta completa (CR), ou melhor [26% versus 10%]. A PFS mediana não foi atingida, comparada com uma PFS mediana de 7.9 meses para os pacientes que receberam bortezomibe e dexametasona.
Em 30 de março de 2016, o estudo foi aberto após alcançar seu objetivo primário de melhorar o PFS em uma análise interina pré-planejada (HR = 0,39, p <0,0001). Com base na recomendação de um Comitê Independente de Monitoramento de Dados (IDMC), os pacientes do braço de tratamento padrão tiveram a opção de receber daratumumabe após progressão confirmada da doença.
Para conferir a publicação do registro no Diário Oficial da União, clique aqui.
Referências: Palumbo A, et al. Daratumumab, Bortezomib, and Dexamethasone for Multiple Myeloma. N Engl J Med. 2016 Aug 25;375(8):754-66.
Richardson, et al. “The Treatment of Relapsed and Refractory Multiple Myeloma.” ASH Education Book January 1, 2007 vol. 2007 no. 1 317-323.
Mateos M-V, et al. Efficacy of Daratumumab, Bortezomib, and Dexamethasone Versus Bortezomib and Dexamethasone in Relapsed or Refractory Multiple Myeloma Based on Prior Lines of Therapy: Updated Analysis of CASTOR. ASH 2016.
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