Onconews - ANVISA aprova venetoclax para o tratamento de leucemia linfoide crônica

EVANDRO FAGUNDES NET BAIXAA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o inibidor de BCL-2 venectoclax (AbbVie) para o tratamento em monoterapia de pacientes adultos com leucemia linfoide crônica (LLC) com deleção 17p e/ou mutações no TP53 não elegíveis ou que não responderam a tratamentos prévios com inibidores de receptor de célula , além de pacientes (sem deleção 17p e/ou mutações no TP53) que não responderam à quimioterapia e a tratamentos prévios com inibidor de receptor de célula B. A aprovação foi publicada no Diário Oficial da União dia 09 de julho. Evandro Fagundes, hematologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais e médico da Hematológica Clínica, de Belo Horizonte, comenta a aprovação.

A leucemia linfoide crônica afeta principalmente adultos com idade acima de 55 anos e é um câncer de progressão lenta. A proteína BCL-2, que pode estar em excesso em pacientes com LLC, evita a apoptose de algumas células, incluindo linfócitos.

“Clinicamente a doença tem um comportamento heterogêneo. Alguns pacientes apresentam doença extremamente indolente, e possivelmente nunca necessitarão de tratamento farmacológico, enquanto outros apresentam doença com comportamento mais agressivo e pouco ou nada responsiva ao tratamento quimioterápico convencional”, observa Fagundes.

O especialista explica que até recentemente os pacientes que apresentavam recidiva após tratamento de 1a linha frequentemente ficavam limitados em termos de opções terapêuticas, fruto da frequente resistência adquirida aos agentes quimioterápicos convencionais. “Pacientes com alteração no braço curto do cromossomo 17 (17p-) e/ou com mutações do gene TP53 estão entre aqueles com o pior prognóstico em LLC. Essas alterações podem ser detectáveis no momento do diagnóstico, mas mais frequentemente são identificadas em recaídas da doença devido aos mecanismos de seleção de clones”, diz.

Para os pacientes que recidivam, as novas drogas inibidoras de receptores celulares com atividade de tirosina quinase como o BTK representam uma ótima alternativa uma vez que produzem resposta prolongada e o uso como monoterapia por via oral facilita o tratamento. Porém, o surgimento de resistência e/ou intolerância por parte do paciente, além de interações com outros medicamentos em uso pelo paciente, são fatores limitantes.

Venetoclax inibe seletivamente a função da proteína BCL-2, como demonstrado em estudos clínicos1,2,3, levando as células tumorais à morte.

“A aprovação do venetoclax vem ao encontro da necessidade de outra alternativa para esses pacientes. Ele apresenta mecanismo de ação e perfil de toxicidade diferente dos inibidores de BTK. As taxas de resposta como monoterapia são excelentes, porém a possibilidade de combinações com outras drogas como anticorpos monoclonais são ainda mais atraentes”, observa o hematologista.

“Transformar a LLC em uma doença crônica passível de controle com medicamentos orais é um objetivo real e que pode estar em pleno desenvolvimento com uso de drogas como venetoclax”, conclui.

Referência: 1 - Clinicaltrials.gov. NCT01889186: A study of the efficacy of ABT-199 in subjects with relapsed or refractory chronic lymphocytic leukemia with the 17p deletion. 

2 - Venetoclax in relapsed or refractory chronic lymphocytic leukaemia with 17p deletion: a multicentre, open-label,phase 2 study (www.thelancet.com/oncology<http://www.thelancet.com/oncology> Published online May 10, 2016 http://dx.doi.org/10.1016/S1470-2045(16)30019-5)

3 - Venetoclax for chronic lymphocytic leukaemia progressingafter ibrutinib: an interim analysis of a multicentre, open-label, phase 2 trial (www.thelancet.com/oncology<http://www.thelancet.com/oncology> Published online December 12, 2017 http://dx.doi.org/10.1016/S1470-2045(17)30909-9