Estudo que analisou o tempo até o diagnóstico de 10 tipos de câncer sólidos apontou o encaminhamento mais curto em uma experiência europeia e seu impacto nos desfechos, indicando que a via de emergência hospitalar resultou em diagnósticos mais rápidos comparada ao encaminhamento pela atenção primária.
Os sintomas que um paciente com câncer apresenta e o caminho seguido até o diagnóstico (emergência versus não emergência) podem afetar a velocidade do diagnóstico e, consequentemente, os resultados clínicos.
Nesta análise, pesquisadores revisaram retrospectivamente pacientes diagnosticados com 10 tipos de câncer sólidos no Hospital Clínic de Barcelona entre março de 2013 e junho de 2023. Os pacientes de câncer foram diagnosticados através de apresentação e admissão de emergência motivada pelo próprio paciente (via de emergência hospitalar [EH]), apresentação de emergência e encaminhamento ambulatorial (via de emergência ambulatorial [EA]) e encaminhamento ambulatorial após apresentação na atenção primária (EAP). A pesquisa considerou o efeito das rotas diagnósticas nos intervalos até o diagnóstico, a partir de 19 sintomas de câncer.
Um total de 5.174 e 1.607 pacientes foram diagnosticados com câncer por meio de vias de emergência e por apresentação na atenção primária, respectivamente. Mais de 85% dos pacientes que apresentaram sintomas de alarme (localizados), como hematúria, através de vias de emergência, foram diagnosticados com o câncer esperado, enquanto aqueles com sintomas não localizados, como dor abdominal, tiveram uma composição mais heterogênea do local do câncer. Os autores descrevem que intervalos medianos foram mais curtos para alarme do que para sintomas não localizados e tenderam a ser mais curtos em admissão de emergência hospitalar do que nos casos de encaminhamento ambulatorial. Contudo, para a maioria dos sintomas, os intervalos em ambas as vias foram invariavelmente mais curtos do que no encaminhamento feito pela atenção primária. Por exemplo, os intervalos de diagnóstico para hematúria e dor abdominal foram 3 e 5 dias mais curtos nas vias de emergência hospitalar e ambulatorial, mas foram 5-8 e 17-22 dias mais curtos do que no encaminhamento feito pela atenção primária, respectivamente.
Para pacientes com sintomas de alarme, os intervalos foram mais curtos do que para aqueles com sintomas não localizados e, para a maioria dos sintomas, os intervalos foram mais curtos quando os pacientes foram avaliados por vias de emergência em relação ao encaminhamento pela atenção primária.
Referência: Xavier Bosch et al., Time to Diagnosis and Presenting Symptoms of Patients Diagnosed With Cancer Through Emergency and Nonemergency Routes: A Large Retrospective Study From a High-Volume Center. JCO Oncol Pract 0, OP.23.00567. DOI:10.1200/OP.23.00567