O câncer de mama (CM) positivo para receptor de estrogênio (ER +) constitui a maioria dos casos de CM e apresenta comportamento clínico bastante heterogêneo. Para auxiliar tratamentos de precisão, estudo de Lee et al. buscou identificar subtipos moleculares de câncer de mama ER + representando o microambiente e o prognóstico do tumor. A abordagem transcriptômica revelou um fenótipo molecular de imunidade de células B no câncer de mama ER + que pode ajudar no prognóstico e decisões de tratamento.
Nas últimas duas décadas, é cada vez mais evidente que as interações entre células tumorais e imunológicas no câncer de mama afetam a resposta ao tratamento e a recorrência, assim como podem ter implicações nas decisões de tratamento. No entanto, as características imunológicas não são consideradas na subtipagem luminal A/B.
Nesta análise, os pesquisadores consideraram dados de RNA-seq de 113 pacientes com câncer de mama que foram classificados de acordo com os subtipos intrínsecos do PAM50, usando perfis de expressão gênica. Da amostra avaliada, 44 pacientes com CM do tipo luminal (ER +) foram selecionados para subclassificação. Os dados do Atlas do Genoma do Câncer (TCGA) de pacientes com CM foram utilizados como conjunto de validação para a nova classificação. A partir da composição das células imunes (CIBERSORT) a análise considerou ainda sua associação com parâmetros clínicos ou moleculares.
Os resultados foram relatados no JCO Precision Oncology (vol8,2024) e apontam claramente dois subgrupos separados da classificação luminal A e B. Os principais genes diferencialmente expressos entre os subgrupos foram caracterizados por imunoglobulina e genes relacionados às células B. Uma coorte de pacientes com CM do tipo luminal no TCGA também foi agrupada em dois subgrupos com base na expressão de genes específicos de células B, e os pacientes com alta atividade imunológica de células B tiveram melhor resposta imune e melhor prognóstico em comparação com pacientes com baixa atividade imunológica de células B.
“Nossa abordagem transcriptômica enfatiza um fenótipo molecular de imunidade de células B no câncer de mama ER + que pode ajudar a prever o prognóstico da doença. Embora sejam necessárias mais pesquisas, a imunidade de células B para pacientes com câncer de mama ER+ pode ser útil para identificar pacientes que respondem bem à quimioterapia ou imunoterapia”, concluem os autores.
O câncer de mama é o câncer mais comum em mulheres em todo o mundo e apresenta comportamento molecular e clínico heterogêneo. Existem quatro subtipos de câncer de mama amplamente aceitos: luminal A, luminal B, receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano positivo (HER2+) e triplo negativo. No entanto, os autores destacam que novas subclassificações moleculares estão sendo estudadas à medida que as tecnologias genômicas e as modalidades de tratamento evoluem.
“Nosso estudo destaca que a assinatura das células B moldou significativamente o perfil geral de expressão gênica do tumor e influenciou o prognóstico dos pacientes nas coortes do Atlas do Genoma do Câncer e do Hospital da Universidade Nacional de Seul. Dentro do subgrupo de câncer de mama ER+, aqueles com alto escore de recorrência na classificação de 21 genes e baixa atividade imunológica de células B demonstraram o pior prognóstico entre todos os subgrupos”, destacam. “Esses achados sublinham o papel crítico da integração das avaliações da imunidade das células B, particularmente em pacientes com câncer de mama ER+, para uma previsão precisa do prognóstico e decisões de tratamento”, analisam.
Referência: Seungbok Lee et al., B-Cell–Mediated Immunity Predicts Survival of Patients With Estrogen Receptor–Positive Breast Cancer. JCO Precis Oncol 8, e2300263(2024). DOI:10.1200/PO.23.00263