Onconews - ASTRO 2017 aponta os destaques do programa científico

ASTRO 2017 NET OKA 59ª edição da ASTRO, encontro anual da sociedade americana de radio-oncologia, destacou pelo menos três estudos do programa científico, pelo valor da evidência. O estudo de fase III que confirma a irradiação pélvica adjuvante como padrão no câncer endometrial de alto risco em fase inicial foi um dos highlights da edição deste ano.

A nova análise do GOG 249 mostrou que as taxas de sobrevida global e livre de recorrência para mulheres com câncer de endométrio de alto risco estádio I-II não foram superiores após a braquiterapia mais quimioterapia na comparação com a irradiação pélvica. 

Em um seguimento mediano de 53 meses, 82% dos pacientes avaliados estavam vivos e sem recorrência, nos dois braços. As taxas de SG em três anos foram de 91% para a irradiação pélvica e de 88% para a combinação de braquiterapia-quimioterapia, mas essa diferença não foi estatisticamente significante (p = 0.57). A incidência cumulativa de recidiva nodal pélvica ou para-aórtica aos cinco anos no grupo tratado com braquiterapia e químio (9,2 %, 25 recidivas, 20 na pelve) foi o dobro em relação à coorte de radiação pélvica (4,4%, 12 recidivas, 6 na pelve) (HR = 0,47, IC de 95%: 0,24-0,94).

As conclusões foram apresentadas na 59ª ASTRO por Marcus Randall, principal autor do estudo e professor da Universidade de Kentucky, em Lexington. "A coorte de mulheres com histologias de alto risco não demonstrou qualquer benefício com a adição de quimioterapia, mas experimentou uma pior taxa de controle nodal e mais efeitos colaterais a curto prazo", esclareceu.

O programa científico da 59ª ASTRO também destacou os resultados do estudo clínico chinês com mais de 800 pacientes com câncer de mama pós-mastectomia, que mostrou benefícios da radioterapia hipofracionada na doença avançada, com 43,5 Gray (Gy) entregues em 15 frações ao longo de três semanas

Os resultados do seguimento em cinco anos confirmaram que as taxas de recorrência tumoral após 15 frações diárias ao longo de três semanas não foram inferiores à RT padrão, de 50 Gy entregues em 25 frações ao longo de cinco semanas. As taxas de recorrência locorregional foram de 8,3% após o tratamento hipofracionado e de 8,1% com o tratamento padrão (HR = 1,10, IC 95% 0,67-1,83), com diferença de 0,2% (IC 95% = -4,1 a 4,5). As taxas de sobrevida livre de doença foram de 74,6 % para o braço de tratamento acelerado e de 70,7% para o braço de tratamento padrão (HR = 0,88, IC 95%: 0,67-1,16).

As taxas de sobrevida global em cinco anos foram de 83,2% após hipofracionamento e de 85,6% com o tratamento padrão (HR = 1,13, IC 95%: 0,78-1,62). As pacientes também experimentaram menos efeitos colaterais após o tratamento acelerado, indicando que a radioterapia hipofracionada após a mastectomia é uma opção segura e eficaz para a doença localmente avançada.

"Esse estudo demonstra que podemos acelerar com segurança a radioterapia adjuvante e reduzir o tempo de tratamento em duas semanas. Esta opção torna o tratamento mais conveniente para os pacientes, reduz as despesas médicas e permite que os sistemas de saúde tratem mais pacientes com recursos limitados", disse o pesquisador Shulian Wang, daChinese Academy of Medical Sciences em Beijing, China.

Também destaque do programa científico, estudo de fase II apresentado por pesquisadores da Mayo Clinic mostrou na ASTRO 2017 resultados da pesquisa que avaliou a viabilidade de reduzir à metade a dose padrão de RT em pacientes selecionados, com carcinoma de células escamosas de orofaringe (OPSCC, da sigla em inglês).

Entre 1988 e 2004, as taxas de OPSCC associadas ao HPV mais do que duplicaram, enquanto as taxas da doença HPV negativa - que normalmente são causadas pelo consumo de tabaco e álcool - caíram pela metade.

"O perfil do paciente com câncer de orofaringe mudou, o que significa que nossa abordagem para tratar esta doença também precisa mudar", disse Daniel Ma, principal autor do estudo e professor da Mayo Clínica em Rochester, Minnesota. "Vários grupos de pesquisa estão buscando uma abordagem incremental e nossas descobertas indicam que a redução do tratamento pode ser viável para pacientes adequadamente selecionados”, disse.

Leia mais: ASTRO: Irradiação pélvica adjuvante no câncer endometrial de alto risco

Referências:

A phase III trial of pelvic radiation therapy versus vaginal cuff brachytherapy followed by paclitaxel/carboplatin chemotherapy in patients with high-risk, early-stage endometrial cancer: A Gynecology Oncology Group study

Hypofractionated radiotherapy after mastectomy for the treatment of high-risk breast cancer: 5-year follow up result of a randomized trial

Two-year results for MC1273, a phase II evaluation of aggressive dose de-escalation for adjuvant chemoradiation in HPV+ oropharynx squamous cell carcinoma (OPSCC)