Estudo publicado no International Journal of Epidemiology mostra que a incidência do câncer anal tem aumentado em homens e mulheres em 13 dos 18 países estudados, especialmente nas Américas, norte e oeste da Europa e Austrália. Os autores sustentam que medidas preventivas, incluindo a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) e a prática de sexo seguro podem ajudar a reduzir a carga crescente da doença.
O câncer anal é um tumor relativamente raro, frequentemente negligenciado. As estimativas mais recentes (2008) indicam cerca de 27 mil casos em todo o mundo (14,5 mil casos em mulheres e 12,5 mil em homens). Estudos anteriores relataram rápido aumento na taxa de incidência em alguns países de alta renda. No entanto, tendências globais não são amplamente conhecidas.
O estudo atual, liderado por Farhad Islami, diretor de pesquisa da Sociedade Americana de Câncer, usou dados recentes da série sobre incidência do câncer em cinco continentes para estimar a incidência do câncer anal em 18 países, em quatro continentes (excluindo África), incluindo vários países economicamente menos desenvolvidos do que o reportado em estudos anteriores.
Os dados mostram que a incidência de câncer anal aumentou em ambos os sexos, ou em mulheres, especialmente nas Américas, Europa do Norte e Ocidental e Austrália.
Nessas populações, um subtipo, o carcinoma anal de células escamosas, foi substancialmente mais comum do que outros, e foi o que mais contribuiu para o aumento da incidência. A incidência de outro subtipo, o adenocarcinoma anal, se manteve estável ou decrescente na maioria das populações.
A razão para taxas de incidência crescentes de carcinoma anal de células escamosas não está clara em muitas populações, mas é provável que reflita mudanças na prevalência de fatores de risco ambientais, dizem os autores. A infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) está presente em quase todos os casos.
Embora a vacinação contra o HPV possa oferecer proteção contra a infecção anal pelo HPV, os autores lembram que, provavelmente, é cedo para ver os efeitos preventivos da vacinação sobre as taxas de incidência de câncer anal. Além disso, observam que a vacina não é administrada rotineiramente ou tem baixa cobertura em muitos países.
"Certas medidas preventivas, se implementadas, incluindo a vacina contra o HPV e campanhas para comportamento sexual mais seguro, serviriam para prevenir um número substancial de casos de câncer anal no futuro", concluem os autores.
Referência: International trends in anal cancer incidence rates - Farhad Islami, Jacques Ferlay, Joannie Lortet-Tieulent, Freddie Bray e Ahmedin Jemal - Int. J. Epidemiol. (2016) - doi: 10.1093/ije/dyw276