O osimertinibe demonstrou eficácia superior em comparação platina-pemetrexede no sistema nervoso central em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células avançado positivo para T790M. Os dados da análise do estudo randomizado de fase III AURA3 foram publicados no Journal of Clinical Oncology (JCO). O oncologista Ramon Andrade De Mello (foto), médico do Hospital Estadual de Bauru, do Nair Antunes Instituto de Câncer e da Universidade do Algarve, em Portugal, comenta o trabalho.
Em pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células avançado EGFR mutado, há uma necessidade não atendida de inibidores de tirosina quinase EGFR com melhor penetração e atividade contra metástases do sistema nervoso central, seja no diagnóstico inicial ou na progressão da doença.
No AURA3, os pesquisadores relataram a primeira evidência comparativa em um estudo fase III (AURA3; ClinicalTrials.gov identificador: NCT02151981) da eficácia do osimertinibe versus platina-pemetrexede no sistema nervoso central em pacientes com CPNPC avançado EGFR T790M-positivo que progrediram ao tratamento prévio com inibidor de tirosina quinase EGFR.
Pacientes com metástases assintomáticas e estáveis no sistema nervoso central foram aleatoriamente designados (2:1) para osimertinibe 80 mg uma vez ao dia ou platina-pemetrexede. Uma análise de subgrupo pré-planejada foi conduzida em pacientes com lesões do SNC mensuráveis e/ou não mensuráveis no baseline por revisão neuro-radiológica central independente cega. O endpoint primário foi a taxa de resposta objetiva do SNC (ORR).
Resultados
Entre os 419 pacientes aleatoriamente designados para o tratamento, 116 apresentavam lesões do SNC mensuráveis e/ou não mensuráveis, incluindo 46 pacientes com lesões mensuráveis. No cut off de dados (15 de abril de 2016), a taxa de resposta objetiva (ORR) do SNC em pacientes com uma ou mais lesões mensuráveis do SNC foi de 70% (21 de 30; 95% CI, 51% a 85%) com osimertinibe e 31% (5 de 16; 95; 95% IC, 11% a 59%) com platina-pemetrexede (odds ratio, 5,13; 95% IC, 1,44 a 20,64; P = 0,015); a ORR foi de 40% (30 de 75; 95% IC, 29% a 52%) e 17% (7 de 41; 95% IC, 7% a 32%), respectivamente, em pacientes com lesões SCN mensurável e / ou não mensurável (odds ratio, 3,24; 95% IC, 1,33 a 8,81; P = 0,014).
A duração mediana de resposta do SNC em pacientes com lesões do SNC mensuráveis e/ou não mensuráveis foi de 8,9 meses (95% IC, 4,3 meses para não calculável) para osimertinibe e 5,7 meses (95% IC, 4,4 a 5,7 meses) para platina-pemetrexede; a sobrevida livre de progressão mediana do SNC foi de 11,7 meses e 5,6 meses, respectivamente (hazard ratio, 0,32; 95% IC, 0,15 a 0,69; P = 0,004).
Em conclusão, osimertinibe demonstrou uma eficácia superior no SNC versus platina-pemetrexede no CPNPC avançado positivo para T790M. “Este estudo traz uma nova fronteira para o tratamento do câncer do pulmão de não pequenas células com metástases cerebrais, melhorando substancialmente o prognóstico dessa doença nesse contexto e fornecendo uma opção efetiva de tratamento para os doentes com metástases cerebrais além da radioterapia holocraniana”, avalia o oncologista Ramon Andrade De Mello.
DOI: 10.1200/JCO.2018.77.9363 Journal of Clinical Oncology 36, no. 26 (September 10 2018) 2702-2709.