Qual a incidência da recorrência tardia do câncer colorretal (CRC)? Estudo de Nors et al. relatado no International Journal of Cancer buscou estimar a incidência de recorrência tardia, CRC metacrônico e segundo câncer primário de 5 a 10 anos de pós-operatório. Os achados demonstram que avanços recentes no tratamento reduziram o risco de recorrência tardia após a cirurgia curativa.
Neste estudo, os pesquisadores identificaram todos os pacientes ressecados para CRC estágio I-III (UICC) na Dinamarca, no período de 2004 a 2013. Através dos dados nacionais dos registros de saúde, o estado de recorrência foi determinado utilizando um algoritmo validado.
Foram incluídos sobreviventes livres de câncer 5 anos após a cirurgia. A análise considerou a incidência cumulativa (CIF) de recorrência tardia, CRC metacrônico e segundo câncer primário de 5 a 10 anos de pós-operatório. Razões de risco de subdistribuição (sHR) foram calculadas usando regressão Fine-Gray.
Entre 8.883 pacientes, 370 desenvolveram recorrência tardia (CIF de 5–10 anos = 4,1%, IC 95%: 3,7%–4,6%), 270 CRC metacrônico (CIF 5–10 anos = 3,0%, IC 95%: 2,7% –3,4%) e 635 tiveram um segundo câncer primário (CIF de 5–10 anos = 7,2%, IC 95%: 6,7% -7,7%). O risco de recorrência tardia foi reduzido para pacientes operados entre 2009 -2013 em comparação com 2004–2008 (2,9% vs. 5,6%, sHR = 0,52, IC 95%: 0,42–0,65). O risco de CRC metacrônico também foi reduzido de 4,1% para 2,1% (sHR = 0,50, IC 95%: 0,39–0,65). O risco de segundo câncer primário não mudou entre 2009-2013 e 2004 - 2008 (7,1% vs. 7,1%, sHR = 0,98, IC 95%: 0,84–1,15).
Em síntese, dados de acompanhamento de 10 anos documentados na Dinamarca mostram que as incidências de recorrência tardia e CRC metacrônico são baixas e diminuíram de 2004 a 2013. Assim, apesar do número crescente de sobreviventes de câncer a longo prazo, os dados não defendem estender a vigilância específica do CRC para além de 5 anos como já estabelecem as diretrizes atuais.
Os autores concluem que avanços recentes no tratamento do câncer colorretal reduziram o risco de recorrência tardia e CRC metacrônico 5 a 10 anos após a cirurgia curativa, achados que não apoiam a extensão dos atuais protocolos de vigilância.
Referência: First published: 07 February 2024 https://doi.org/10.1002/ijc.34871