Os betabloqueadores têm sido associados a efeitos antitumorais com potencial de reduzir as respostas ao estresse mediadas por adrenérgicos. Estudos pré-clínicos também mostraram que os betabloqueadores podem aumentar a eficácia da imunoterapia no tratamento do câncer. Agora, artigo de Victoria M. Villaflor e colegas apresenta resultados de análise retrospectiva que avaliou pacientes com câncer de pulmão em uso concomitante de betabloqueadores e inibidores de checkpoint imune.
“Nossos dados sugerem que o uso de betabloqueadores pode estar associado à melhora da sobrevida livre de progressão”, concluem os autores.
Foram revisados retrospectivamente prontuários de 109 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) atendidos na Universidade de Northwestern entre janeiro de 2014 e agosto de 2018 em tratamento com inibidores do checkpoint imune.
Entre os 109 pacientes tratados com inibidores de checkpoint, 28 eram usuários de betabloqueadores prescritos concomitantemente. O uso de betabloqueadores foi associado ao aumento da SLP, com taxa de risco (HR) de 0,58 e intervalo de confiança de 95% (IC) de 0,36-0,93; não houve aumento significativo na sobrevida global (SG, HR 0,66, IC 95% 0,38-1,17). Em um modelo de regressão, os betabloqueadores foram identificados como preditivos de SLP, assim como a histologia não escamosa, a positividade de PD-L1 tumoral e o menor número de linhas de tratamento.
“Nossos dados sugerem que o uso de betabloqueadores pode estar associado à melhora da SLP em pacientes com CPCNP tratados com inibidores de checkpoint imune. Este foi um estudo pequeno e esses achados devem ser validados em estudos clínicos prospectivos”, concluem os autores.
Referência: The impact of beta blockers on survival outcomes in non-small cell lung cancer patients treated with immune checkpoint inhibitors – Michael S. Oh et al - Published:August 04, 2020DOI:https://doi.org/10.1016/j.cllc.2020.07.016