Revisão sistemática de Zaniletti et al. buscou esclarecer o papel do brotamento tumoral (BT) na biologia, comportamento e prognóstico do carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço (CECP). Embora o BT não esteja incluído como fator prognóstico nas atuais diretrizes, os autores destacam que as células em brotamento promovem a agressividade do tumor, aumentando a invasão linfática e o potencial metastático.
O brotamento tumoral se caracteriza pela presença de células cancerígenas únicas ou pequenos aglomerados de menos de cinco células cancerígenas fora da parte principal do tumor e está intimamente associado à transição epitelial para mesenquimal (EMT).
Nesta análise, os pesquisadores revisaram sistematicamente as bases de dados PubMed, Scopus e Embase, seguindo as diretrizes PRISMA, buscando estudos com dados sobre BT em CECP, excluindo séries retrospectivas com menos de 50 casos. Um total de 36 artigos publicados entre 2010 e 2023 foram incluídos, dos quais 35 com desenho observacional retrospectivo e apenas 1 com desenho prospectivo. O número médio de pacientes por estudo foi de 150 (variação de 53 a 254 casos). Em quatro estudos (11,1%), a análise histopatológica foi baseada em biópsias, 30 (83,3%) utilizaram peças cirúrgicas e 2 (5,55%) amostras de biópsias mistas.
Os resultados mostram que os brotamentos tumorais representam grupos de células cancerosas que são mais invasivas do que as do núcleo do tumor, levando a um risco aumentado de disseminação linfovascular. A revisão mostra que um conjunto substancial de dados indica que o BT pode ser um sinal importante de crescimento invasivo e metástase no CECP, apoiando sua relevância clinicopatológica e papel prognóstico.
“As evidências sugerem que BT pode desempenhar papel nos futuros sistemas de estadiamento do CECP, influenciando potencialmente as decisões de tratamento”, destacam os autores. No entanto, Zaniletti e colegas reforçam que, apesar do significado prognóstico promissor do brotamento tumoral, sua associação com invasão local do tumor, metástase nodal e à distância precisa ser mais estudada para ser usada na tomada de decisão clínica. Além disso, observam que existem várias maneiras de analisar BT em relação às técnicas de coloração (Hematoxilina e Eosina ou imuno-histoquímica), métodos de avaliação qualitativos ou quantitativos, valores de ponto de corte e área de exame, indicando que um método de avaliação otimizado e padronizado do BT ainda precisa ser avaliado.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto, publicada online no Head and Neck Journal.
Referência: https://doi.org/10.1002/hed.27583