Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia identificaram o mecanismo molecular ativado pela presença de tetra-hidrocanabinol (THC) que acelera o crescimento do câncer em pacientes com carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço positivo para HPV (papilomavírus humano). Os achados foram publicados 13 de janeiro na Clinical Cancer Research e abrem caminho para novas estratégias de tratamento.
Em artigo de Liu, C et al, os pesquisadores descrevem como a presença de THC na corrente sanguínea ativa a via MAP38 p38, que controla a apoptose. Ao desativar esse caminho em linhagens celulares, os pesquisadores conseguiram interromper o crescimento do carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço HPV-positivo.
“Estudos anteriores sugeriram efeitos anticâncer do THC e de outros canabinoides”, disse o autor sênior, Joseph A. Califano, da Divisão de Otorrinolaringologia da Universidade da Califórnia. "Agora, temos evidências científicas convincentes de que o uso diário de maconha pode impulsionar o crescimento de tumores de cabeça e pescoço relacionados ao HPV", disse Califano.
Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CPD) dos Estados Unidos indicam que as infecções por HPV são responsáveis por aproximadamente 35 mil novos diagnósticos de câncer a cada ano no país. O CDC recomenda a vacinação de meninos e meninas contra o papilomavírus humano.
Segundo o Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos, 15% dos jovens de 12 a 17 anos e 47% dos adultos com 26 anos ou mais já usaram ou experimentaram maconha.
O carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço é o sexto câncer mais comum em todo o mundo. Aproximadamente 30% dos casos da doença estão relacionados à infecção pelo HPV e são esses casos em particular que estão em ascensão.
Referência: Liu, C., Sadat, S. H., Ebisumoto, K., Sakai, A., Panuganti, B. A., Ren, S., … Califano, J. A. (2020). Cannabinoids promote progression of HPV positive head and neck squamous cell carcinoma via p38 MAPK activation. Clinical Cancer Research, clincanres.3301.2018. doi:10.1158/1078-0432.ccr-18-3301