O maior estudo epidemiológico já realizado até hoje para definir a agressividade do câncer de mama em diferentes grupos étnicos apresentou resultados no EBCC 10 e traz uma nova visão, indicando que diferenças na idade ao diagnóstico podem ser mais importantes que variações étnicas entre negras, brancas e asiáticas. "Notamos isso através dos anos tratando pacientes no ocidente, Ásia e América Latina. Essa impressão ficou comprovada nesse estudo. Agora, precisamos encontrar as razões porque isso acontece", afirmou o oncologista Gilberto Lopes, diretor médico e científico do Grupo Oncoclínicas.
Embora os dados da literatura indiquem que o câncer de mama é um pouco mais agressivo em mulheres no sul da Ásia e em negras em relação às mulheres brancas, as diferenças não se devem às etnias, mas são associadas à idade. É o que apontam os dados do novo estudo, liderado por Toral Gathani, epidemiologista da Universidade de Oxford , que consideram a análise de mais de 68 mil mulheres com câncer de mama na Inglaterra, entre 2006 e 2013, sendo 66.192 brancas, 1.233 mulheres do sul da Ásia e 641 mulheres negras. Segundo a pesquisa, a idade média ao diagnóstico foi cinco anos menor entre as negras e em mulheres do sul da Ásia (55 anos) do que em mulheres brancas (60 anos).
Os dados incluíram informações sobre a idade ao diagnóstico, região de residência, etnia, tamanho do tumor, grau, status do receptor de estrogênio (ER), status do receptor HER2 e presença de disseminação linfática. Segundo a pesquisadora, a idade média ao diagnóstico foi cinco anos menor entre as negras e em mulheres do sul da Ásia (55 anos) do que em mulheres brancas (60 anos).
Embora as mulheres negras e do sul da Ásia tenham sido mais propensas a ter tumores biologicamente agressivos, como tumores de grau mais elevado e mais comprometimento dos linfonodos, a diferença não foi atribuída aos grupos étnicos após o ajuste por idade."Grande parte do aparente excesso de tumores de mama agressivo em mulheres do sul da Ásia e em negras é simplesmente porque elas são mais jovens do que as mulheres brancas", concluiu a pesquisadora. “Isso explica em grande parte porque características tumorais mais agressivas foram vistas em minorias étnicas ", acrescentou.
"Dados de outros estudos observacionais indicam que a idade não é um fator prognóstico independente, e sim a biologia tumoral mais agressiva encontrada em pacientes jovens. Portanto, são necessários mais estudos para entendermos o impacto da etnia e idade no prognóstico do câncer de mama", afirma Gustavo Werutsky, diretor científico do Latin American Cooperative Oncology Group (LACOG).
Referência: “Ethnicity and the tumor characteristics of breast cancer in a large nationally representative sample of women in England”.
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