Em 2020, o câncer de bexiga foi o sétimo câncer mais prevalente no mundo e projeções a partir de dados da GLOBOCAN indicam prevalência em 5 anos de mais de 1,7 milhão de casos. Estudo de Wéber et al. publicado na World Journal of Urology estima que a taxa de mortalidade por câncer de bexiga pode triplicar entre as mulheres até 2040, destacando tendências opostas de mortalidade por gênero e necessidades urgentes de intervenções globais.
Um olhar abrangente sobre a mortalidade por câncer de bexiga pode permitir não apenas uma visão da prevalência de fatores de risco globais, mas também da eficiência variável dos sistemas de saúde em todo o mundo. Neste estudo, o objetivo foi analisar as estimativas nacionais de mortalidade por câncer de bexiga para 2020 e as tendências futuras projetadas até 2040.
Taxas de mortalidade por câncer de bexiga padronizadas por idade por 100.000 pessoas-ano em 185 países foram obtidas do banco de dados GLOBOCAN 2020, operado pela Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer (IARC). As taxas de mortalidade foram estratificadas segundo sexo e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). As mortes por câncer de bexiga foram projetadas até 2040 com base nas mudanças demográficas, juntamente com diferentes cenários de taxas anuais de mortalidade (crescentes, estáveis ou decrescentes), a partir do ano de referência de 2020.
Os resultados mostram que quase três vezes mais homens morreram de câncer de bexiga em relação às mulheres em 2020, com mais de 210.000 mortes em ambos os sexos, em todo o mundo. Os autores descrevem que, independentemente do gênero, mais da metade do total de mortes por câncer de bexiga ocorreu em países com IDH muito elevado.
As projeções revelam que, enquanto o número de mortes nos homens pode aumentar até 54% (de 159 para cerca de 163-245 mil) até 2040, para as mulheres prevê-se que aumente duas a três vezes (de 50 para cerca de 119-176 mil) até 2040.
O câncer de bexiga é considerado amplamente prevenível e evitável, uma vez que o tabagismo e a exposição a produtos químicos estão entre os principais fatores de risco. Esses resultados indicam tendências opostas de mortalidade por gênero e destacam a necessidade urgente de expandir as estratégias antitabaco, assim como a importância de fortalecer políticas de saúde e de segurança ocupacional. Wéber et al. destacam que melhorar a capacidade de deteção precoce do câncer de bexiga e o acesso ao tratamento pode ter impacto positivo significativo na redução das taxas de mortalidade, na redução dos custos econômicos e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Referência: Wéber A, Vignat J, Shah R, Morgan E, Laversanne M, Nagy P, Kenessey I, Znaor A. Global burden of bladder cancer mortality in 2020 and 2040 according to GLOBOCAN estimates. World J Urol. 2024 Apr 16;42(1):237. doi: 10.1007/s00345-024-04949-8. PMID: 38625417.