O anti PD-1 nivolumabe é ativo e apresentou perfil de segurança manejável em pacientes com carcinoma hepatocelular avançado, como sugerem resultados do estudo de Fase I/II publicado no Lancet dia 20 de abril, em artigo de Anthony B El-Khoueiry et al.
Métodos
Os pesquisadores realizaram um estudo de Fase I/II, aberto, que avaliou o escalonamento e expansão da dose de nivolumabe (CheckMate 040) em adultos com carcinoma hepatocelular avançado, com ou sem hepatite C ou B (VHC ou VHB). Uma fase de escalonamento da dose foi realizada em sete instituições (EUA, Espanha, Hong Kong e Cingapura) e uma fase de expansão da dose foi conduzida em outras 39 instituições, em 11 países.
Os pacientes elegíveis tinham escores de Child-Pugh de 7 ou menos para a fase de escalonamento (Child-Pugh A ou B7) e de 6 ou menos para a expansão (Child-Pugh A), além de performance status ECOG ≤ 1. Os pacientes receberam nivolumabe intravenoso 0,1-10 mg/kg a cada 2 semanas na fase de escalonamento (3 + 3).
Nivolumabe na dose de 3 mg/kg foi administrado a cada 2 semanas na fase de expansão, considerando quatro coortes: pacientes não tratados com sorafenibe ou intolerantes ao tratamento, sem hepatite viral; pacientes em progressão após sorafenibe sem hepatite viral, pacientes em progressão após sorafenibe, infectados pelo VHC e pacientes em progressão após sorafenibe, infectados pelo VHB. Os endpoints primários foram segurança e tolerabilidade com o escalonamento e taxa de resposta objetiva (critérios RECIST versão 1.1) na fase de expansão.
Resultados
Entre 26 de novembro de 2012 e 8 de agosto de 2016, 262 pacientes elegíveis foram tratados, sendo 48 na fase de escalonamento e 214 na fase de expansão. 202 pacientes (77%) completaram o tratamento. O estudo está em seguimento.
Durante o escalonamento da dose, o anti PD-1 nivolumabe mostrou um perfil de segurança manejável, com tolerabilidade aceitável. Nesta fase, El-Khoueiry e colegas descrevem que 46 (96%) dos 48 pacientes interromperam o tratamento, 42 (88%) devido à progressão da doença.
Para os autores, a incidência de eventos adversos relacionados com o tratamento não parece estar associada à dose e não foi atingida uma dose máxima tolerada. 12 (25%) de 48 pacientes tiveram eventos adversos de grau ¾ relacionados ao tratamento. Três (6%) pacientes apresentaram eventos adversos graves (penfigoide, insuficiência adrenal, distúrbio hepático). 30 (63%) dos 48 pacientes na fase de escalonamento da dose morreram (não se determinou se as mortes estão relacionadas com a terapia com nivolumabe).
Nivolumabe 3 mg/kg foi escolhido para expansão da dose. A taxa de resposta objetiva foi de 20% (IC 95% 15-26) em pacientes tratados com nivolumabe 3 mg / kg na fase de expansão e de 15% (IC 95% 6-28) na fase de escalonamento.
Os autores concluem que respostas objetivas duráveis mostram o potencial de nivolumabe no tratamento do carcinoma hepatocelular avançado.
O estudo é registrado em ClinicalTrials.gov (NCT01658878) e tem financiamento da Bristol-Myers Squibb
Referência: Nivolumab in patients with advanced hepatocellular carcinoma (CheckMate 040): an open-label, non-comparative, phase 1/2 dose escalation and expansion trial - DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(17)31046-2 |
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