Onconews - Cirurgia em pacientes com câncer avançado

Cirurgia_NET_OK.jpgO número de cirurgias realizadas em pacientes com câncer em estado terminal não caiu de forma significativa nos últimos anos, apesar da importância crescente dedicada aos cuidados menos invasivos, mas a morbidade e mortalidade associadas à cirurgia oncológica diminuíram, porque os cirurgiões estão selecionando pacientes mais saudáveis. É o que mostram os resultados de uma nova pesquisa da UC Davis Comprehensive Cancer Center, liderada pela cirurgiã Sarah Bateni e colegas, publicado no dia 26 de abril na edição online do Journal of Surgical Research.

Os resultados mostram que pacientes, familiares e prestadores de cuidados, incluindo cirurgiões, muitas vezes adiam as discussões sobre os objetivos da assistência e as prioridades no final de vida.  Para Sarah, as conclusões do estudo advertem que adiar as discussões de fim de vida pode ter consequências graves e retardar abordagens de cuidados paliativos com medidas fúteis.
 
"Nossa pesquisa sugere que os cirurgiões estão operando pacientes mais propensos a se recuperar bem de uma cirurgia", avaliou a pesquisadora. Ela também observou pacientes terminais abordados através da cirurgia e que, em seguida, sofreram complicações, resultando em longas estadias em unidades de cuidados intensivos, e até mesmo em morte. "É comum que os pacientes acabem morrendo na unidade de terapia intensiva em vez de ter a esperança de voltar para casa com a família ou receber cuidados paliativos", disse ela.
 
O estudo considerou dados do Programa Nacional de Melhoria da Qualidade Cirúrgica do American College of Surgeons entre 2006 e 2010 para identificar 21.755 pacientes com câncer em estadio IV. Ao longo dos cinco anos da investigação, os pesquisadores mostraram que as intervenções cirúrgicas tiveram apenas uma discreta queda, de 1,9% para 1,6%. As cirurgias mais frequentes foram para aliviar obstruções intestinais em pacientes com doença metastática.
 
No entanto, a taxa de morbidade cirúrgica diminuiu significativamente, de 33,7% em 2006 para 26,6 % em 2010. A mortalidade também diminuiu, embora mais modestamente, de 10,4% para 9,3% durante o período do estudo.
 
O que Bateni e colegas também descobriram foi que apenas 3% dos pacientes com câncer terminal tinham diretivas de final de vida, incluindo diretivas de não ressuscitar (DNR). "É muito importante que o médico converse com o paciente sobre as metas de atendimento de final de vida, no momento em que ele entra no hospital com uma doença grave em estadio avançado", disse ela. "Os pacientes devem ser encaminhados para um conselheiro de cuidados paliativos ou ter uma discussão abrangente sobre cuidados na terminalidade para garantir que seus objetivos sejam respeitados", concluiu a pesquisadora.
 
Referências: Current perioperative outcomes for patients with disseminated cancer - Sarah B. Bateni, Frederick J. Meyers, Richard J. Bold, Robert J. Canter

Journal of Surgical Research - Published online: March 26, 2015
DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.jss.2015.03.063
http://www.journalofsurgicalresearch.com/article/S0022-4804(15)00326-1/abstract