Onconews - Cirurgiões dentistas são peça-chave na detecção precoce

Dia_Mundial_do_C__ncer_de_Cabe__a_e_Pesco__o_NET_OK.jpgDurante o lançamento da campanha do Dia Mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço foi destacado o papel essencial dos dentistas no diagnóstico do câncer oral. 

“O cirurgião, o oncologista clínico, o radioterapeuta, não trabalham sozinhos no manejo dos pacientes com câncer oral. O dentista tem uma contribuição enorme, um papel primordial tanto no diagnóstico como no preparo do paciente para o tratamento e no pós-tratamento, porque as complicações odontológicas estão entre as mais frequentes e as que mais prejudicam a qualidade de vida dos pacientes. Essa integração é fundamental”, alerta Luiz Paulo Kowalski, diretor do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do AC Camargo Câncer Center.
 
Na tentativa de promover essa importante integração, o encontro contou com a participação do presidente do Conselho Regional de Odontologia do Estado de São Paulo (CROSP), Cláudio Miyake, que cobrou maior incentivo das esferas governamentais e das entidades relacionadas à odontologia para que este problema possa ser considerado como um problema de saúde pública. “Estamos falando de milhares de óbitos e novos casos todos os anos, provavelmente subnotificados. Com certeza esse assunto precisa ser encarado de maneira mais contundente. Todos somos responsáveis em melhorar este panorama”, afirmou Miyake.
 
Segundo o especialista, existem 240 mil cirurgiões dentistas nos país, o que oferece total condição de fazer uma cobertura adequada. No entanto, ele ressalta que o incentivo a campanhas de detecção precoce deve estar atrelado à possibilidade real de seguimento daquele cidadão identificado como portador de algum tipo de problema, para que possa efetivamente ter a continuidade desse tratamento  
 
“Não adianta fazermos uma campanha de diagnóstico e prevenção do câncer bucal se ao final da campanha o cidadão fica com um problema a mais, ou seja, ele sabe que precisa ser encaminhado e não tem a referência para ser devidamente tratado”, diz. 

Educação continuada 

A falta de informação ainda é o maior desafio para identificar a doença. O cirurgião oncológico de cabeça e pescoço e coordenador do Programa de Prevenção do Câncer do A.C.Camargo Cancer Center, Thiago Celestino Chulam, afirmou ser preciso um esforço para promover a educação dos profissionais que lidam com pacientes que tenham algum tipo de problema na boca.
 
“Dentistas e otorrinolaringologistas, profissionais que inicialmente recebem esses pacientes, precisam se atentar e valorizar queixas simples, corriqueiras, que poderiam levar a um diagnóstico precoce de uma lesão inicial, e fazer a diferença na vida desse paciente do ponto de vista de reabilitação e tratamento”.
 
Sintomas como feridas na língua, úlceras não curáveis na boca, manchas vermelhas ou brancas na boca, dor na garganta, rouquidão persistente, dor ao engolir, nódulo no pescoço, nariz entupido de um lado e/ou descarga sangrenta do nariz são indicativos para que a pessoa procure orientação médica.
 
“Em toda lesão com mais de 14 a 21 dias de evolução na boca ou em qualquer região visível da cavidade oral é preciso fazer uma biópsia. Se não tiver estrutura em seu consultório para que isso seja feito, encaminhe esse paciente para um especialista que o faça. Porque isso pode fazer a diferença na vida desse paciente do ponto de vista de reabilitação e tratamento”, afirma Thiago.
 
Ele explica que geralmente o fragmento é retirado na borda da lesão, na junção da lesão com o tecido saudável. Se a lesão for muito pequena ela pode ser retirada inteira. “É importante salientar que o especialista que retirar a lesão nunca deve dar ponto, pois ao passar a agulha corre-se o risco de implantar a doença na profundidade e acabar complicando o tratamento posterior”, diz.
 
O especialista acrescenta que a educação da população em geral também é importante, pois existe um desconhecimento da população em relação aos tumores de cavidade oral e aos tumores de cabeça e pescoço de uma forma geral.

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