A combinação do anti PD-1 nivolumabe com o anti CTLA-4 ipilimumabe mostrou eficácia clinicamente significativa em pacientes com melanoma e metástase cerebral sem tratamento prévio. Estudos anteriores que avaliaram a combinação desses inibidores de checkpoint imune no melanoma metastático excluíram pacientes com metástases cerebrais não tratadas. Agora, estudo de fase II publicado no NEJM sugere que a combinação traz benefícios para essa população de pacientes.
Neste estudo aberto, multicêntrico, de fase 2, foram considerados elegíveis pacientes com melanoma metastático com pelo menos uma metástase cerebral mensurável não irradiada (diâmetro do tumor de 0,5 a 3 cm), sem sintomas neurológicos. Os pacientes receberam nivolumabe (1 mg por quilo de peso corporal) mais ipilimumabe (3 mg por quilo) a cada 3 semanas, seguido de nivolumabe (3 mg por quilo) a cada 2 semanas, até progressão ou efeitos tóxicos inaceitáveis. O desfecho primário foi a taxa de benefício clínico intracraniano, definido como doença estável por pelo menos 6 meses, resposta completa ou resposta parcial.
Os resultados mostram que entre 94 pacientes com seguimento médio de 14 meses, a taxa de benefício clínico intracraniano foi de 57% (intervalo de confiança [IC] 95%, 47 a 68); a taxa de resposta completa foi de 26%, 30% tiveram resposta parcial e 2% doença estável por pelo menos 6 meses.
Em relação ao perfil de segurança, os autores descrevem que eventos adversos de grau 3 ou 4 relacionados ao tratamento foram relatados em 55% dos pacientes, incluindo eventos envolvendo o sistema nervoso central (7%). Uma morte por miocardite relacionada ao sistema imunológico foi registrada.
Em conclusão, a terapia sistêmica combinando nivolumabe e ipilimumabe mostrou eficácia clinicamente significativa em metástase cerebral do melanoma em pacientes sem tratamento prévio do SNC. “Respostas intracranianas foram observadas em mais da metade dos pacientes tratados e foram detectadas na primeira avaliação, o que é indicativo de uma resposta rápida, que também se mostrou duradoura”, diz o estudo, observando que a atividade intracraniana foi amplamente concordante com a atividade extracraniana, como demonstrado anteriormente com ipilimumabe isoladamente. “O mais importante é que a terapia com nivolumabe mais ipilimumabe preveniu a progressão intracraniana por mais de 6 meses em 64% dos pacientes”, destacam os autores.
O estudo foi financiado pela Bristol-Myers Squibb e pelo National Cancer Institute dos Estados Unidos (CheckMate 204; ClinicalTrials.gov number, NCT02320058).
Referência: Tawbi, H. A., Forsyth, P. A., Algazi, A., Hamid, O., Hodi, F. S., Moschos, S. J., … Margolin, K. (2018). Combined Nivolumab and Ipilimumab in Melanoma Metastatic to the Brain. New England Journal of Medicine, 379(8), 722–730. doi:10.1056/nejmoa1805453