De acordo com dados de um ensaio clínico de fase I apresentado no encontro anual da Associação Americana para Pesquisa do Câncer (AACR), que acontece na Filadélfia, Estados Unidos, entre os dias 18 e 22 de abril, a terapia de combinação com olaparibe (Lynparza) e carboplatina mostrou sinais preliminares de atividade clínica na recorrência de tumores de ovário e mama associados à mutação BRCA.
"O inibidor de PARP olaparibe foi recentemente aprovado pelo FDA para o tratamento de mulheres com câncer de ovário que têm mutação BRCA ", disse Victoria Chiou, do National Cancer Institute, em Bethesda, Maryland. Segundo ela, os estudos para identificar as combinações de tratamento que podem aumentar o número de pacientes que se beneficiam de olaparibe são importantes. “Fizemos a pergunta: qual a melhor maneira de administrar a terapia de combinação usando carboplatina e olaparibe para maximizar os efeitos anti-tumorais e minimizar as toxicidades clínicas”, diz.
O estudo descobriu que a sequência geral de tratamentos não impactou significativamente os efeitos colaterais nas pacientes. "Além disso, identificamos uma escala segura de tratamento que promoveu a redução do tumor em mulheres com câncer de mama e câncer de ovário”.
Entre as mulheres com câncer de ovário com mutações germinativas BRCA foi observada uma taxa de resposta global de 60% com a combinação em comparação com uma taxa de resposta de 30% para o tratamento isolado com olaparibe em pacientes intensamente pré-tratadas.
Métodos
Os pesquisadores incluíram no estudo 59 pacientes com câncer recorrente. Entre as pacientes, 47 tinham câncer de ovário, 10 casos de câncer de mama triplo-negativo, um caso de carcinosarcoma uterino e um de câncer de endométrio. Vinte e seis das pacientes com câncer de ovário e quatro das pacientes de câncer de mama triplo-negativo tinham uma mutação BRCA germinal.
As participantes foram randomizadas em dois grupos de tratamento: no braço A, as pacientes receberam olaparibe antes da carboplatina no ciclo um e carboplatina antes de olaparibe no ciclo dois; no braço B, as pacientes receberam carboplatina anterior ao olaparibe no ciclo um e olaparibe antes de carboplatina no ciclo dois. A partir do ciclo três, todas receberam o mesmo regime de tratamento. A toxicidade foi analisada ao final de cada ciclo de tratamento e a resposta ao final de cada dois ciclos.
Comparações intra-paciente e inter-coorte não apresentaram diferenças significativas na frequência de eventos adversos de graus 3/4. A Neutropenia e anemia foram os eventos adversos graves mais presentes.
De acordo com Victoria, do NCI, os resultados mais atualizados mostram que olaparibe administrado durante sete dias, em combinação com carboplatina administrada uma vez a cada 21 dias, apresenta uma atividade clínica preliminar em pacientes com câncer de mama e câncer de ovário intensivamente pré-tratados. Entre 54 pacientes, os pesquisadores observaram um caso de resposta completa, que durou 23 meses em uma mulher com câncer de mama triplo-negativo, e 24 respostas parciais, das quais 20 em mulheres com câncer de ovário e quatro em mulheres com câncer de mama triplo-negativo.
"Atualmente, temos duas pacientes ainda em estudo. Uma paciente teve resposta parcial que persistiu por mais de 19 meses, e outra teve doença estável documentada no momento inicial de submissão do estudo e desde então tem alcançado resposta parcial, permanecendo no estudo por mais de 12 meses”, acrescentou a pesquisadora.
O estudo foi financiado por fundos do Programa do National Cancer Institute, do Center for Cancer Research e do Cooperative Research and Development Agreement da AstraZeneca, e faz parte de um conjunto maior de ensaios clínicos realizados pela Women’s Malignancies Branch do National Cancer Institute. "Há mais trabalho a ser feito. Este é apenas o começo", sinalizou Victoria.